No dia 14 de julho a Igreja celebra São Camilo de Lélis, padroeiro dos hospitais, enfermos e enfermeiros. Eu vou acrescer aqui, sob sua proteção, todos os profissionais de saúde que, com invejável paciência, coragem e amor enfrentaram um monstro, chamado coronavírus, expondo-se ao contágio o que, infelizmente, custou a vida de muitos. Esses heróis, vivos e falecidos, me fizeram ver que o verdadeiro profissional, não é simplesmente um profissional, mas um vocacionado que assume sua missão e faz dela seu apostolado.
Meu pai, quando criança, muitas vezes, foi dormir sem ter almoçado ou jantado. Por isso, ele era rigoroso comigo e com minhas irmãs. Ah, se deixássemos sobrar comida no prato. Ele tinha razão, pois só quem já sentiu o estômago roncando e reclamando de fome sabe dar o devido valor a um pedaço de pão.
Sei que não é necessário ter passado noites em claro, rolando na cama, com o rosto inchado e com o dente latejando, para ser um bom dentista.
Sei também que não é necessário passar alguns dias internado na UTI, ou alguns meses hospitalizado, para ser um bom médico. Qualquer um pode ser um bom médico sem nunca ter sentido, sequer, uma pequena dor de cabeça.Leia MaisPincel da ImaculadaO amor não conhece gaiolasO atalhoEm nossas mãos
Isso tudo pode ser verdade, porém, é verdade também, que aquele que já passou por tudo isso, entende mais facilmente o comportamento de seu paciente.
Os profissionais de saúde, atendentes e recepcionistas, a enfermeira, o enfermeiro, a médica ou o médico que já se sentiu abandonado em uma cama de hospital, angustiado e com a sensação de que o mundo era um profundo buraco, com certeza tratam o seu paciente com muito mais amor e compreensão. Só quem já sentiu tudo isso em sua própria pele, é capaz de entender a impaciência de seu paciente. Sabe também o quanto é significativo um olhar amigo e o que representa uma palavra de conforto e de carinho.
A amarga experiência faz com que esse profissional, pacientemente, trate o próximo da mesma forma como gostaria de ser tratado. Dá exatamente aquilo que gostaria de receber, atenção, carinho e amor.
Paciência é a palavra-chave. É preciso colocar-se no lugar do próximo para entendê-lo e, a melhor forma para entender, é buscar no passado aquele momento em que estávamos em situação idêntica. Trazer para o presente aquele dia em que estávamos sem saúde, sem dinheiro para remédios e exames complementares. Lembrar da aparição daquele “anjo” vestido de branco e envolto pelo perfume do éter. Um anjo que, com poucas palavras e muita cordialidade, nos devolveu a fé e anestesiou a nossa angústia.
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