Alzira Souza Venturini
Jornalista
A Palavra de Deus orienta nossa vida. Ela nos revela um Deus que se manifesta na nossa história, na história de Seu povo escolhido, do qual fazemos parte. É ela que nos mostra o grande amor do Pai por nós, nos enviando Seu Filho Único, que nos libertou de todo o pecado. É na Bíblia que encontramos a Palavra de Deus expressa pela palavra dos homens, revelando o projeto de Deus, que transforma toda a história, levando-a em direção à liberdade e à vida plena para todos. A palavra “Bíblia” origina-se do grego “biblíon” (livro), e significa “livros”.
Na verdade, a Bíblia é a reunião dos 73 livros que a compõem e que falam sobre a aliança e o plano de salvação de Deus para a humanidade. Sua inspiração veio diretamente de Deus, embora seus livros tenham sido escritos pelo ser humano. A Bíblia começou a ser escrita por volta do século XV a.C. e foi concluída no final do século I d.C. Foram utilizadas três línguas diferentes para escrevê-la: o hebraico, o aramaico e o grego.
É muito salutar ler a Bíblia Sagrada, mas para isso é exigido um coração generoso, um ouvido aberto e uma mente disposta a aprender. A leitura e o estudo da Bíblia devem fazer parte do cotidiano de todo cristão.
A partir do Concílio Vaticano II, houve grande movimento em torno da Bíblia, um grande despertar para com a Palavra de Deus. Começam a surgir cursos bíblicos para os leigos, círculos bíblicos, semanas bíblicas, e nasceu o Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), em 1979, que se dedica ao estudo popular da Bíblia.
Foi, portanto, desse grande movimento que nasceu também o Mês da Bíblia em 1971, em Belo Horizonte, por ocasião dos 50 anos daquela arquidiocese. Aos poucos, foi se espalhando em todas as dioceses do Brasil e a Igreja instituiu o mês de setembro como o Mês da Bíblia. Celebra-se em 30 de setembro o Dia da Bíblia.
A data foi escolhida por ser festa litúrgica de São Jerônimo, o Padroeiro dos biblistas. Jerônimo nasceu na Dalmácia em 347, filho de pais cristãos. Estudou em Roma onde se encantou pelos autores clássicos e se destacou como um brilhante estudante. Atraído pela vida monástica, viveu como eremita na Palestina por alguns anos.
Em 379 foi ordenado presbítero e em 382 morou em Roma como secretário do Papa Dâmaso aproveitando para aperfeiçoar seu conhecimento da língua hebraica com um rabino. Por ordem do Papa Dâmaso, iniciou a tradução da Sagrada Escritura, que resultou na versão da chamada Vulgata. Retornou à Palestina onde se estabeleceu em Belém e lá viveu por 34 anos. Morreu em 30 de setembro de 420. Foi um homem dedicado aos estudos numa vida austera e de amor à Igreja. A obra de São Jerônimo é de tal importância que, qualquer estudo bíblico que não levasse em consideração suas pesquisas, ficaria certamente falho. Ele teve o cuidado de ser totalmente fiel ao texto original. Leia MaisDesvendando a Terra SantaCem anos do rádio no BrasilFrancisco pede oração por sua viagem ao CazaquistãoSetembro Amarelo é mês de prevenção ao suicídio
A cada ano a CNBB sugere um texto bíblico ou um livro da Bíblia para ser estudado durante o mês da Sagrada Escritura, e, neste ano de 2022, o que ilumina a celebração do Mês da Bíblia é o Livro de Josué. O lema que conduz a leitura deste livro está em Js 2,14: “Quando o Senhor nos entregar esta terra, usaremos de bondade e lealdade para contigo”.
O Livro de Josué é um livro de esperança, que testemunha a certeza das promessas de Deus que se cumprem. Ele traz este nome porque Josué é seu principal personagem, e este livro pode ser visto como uma ponte que liga dois acontecimentos de grande importância no estudo da Bíblia. O primeiro é a realização de antigas promessas feitas a Abraão e seus descendentes, e o segundo está ligado ao primeiro, mas se apresenta com as características de ação libertadora da escravidão. Nestes dois acontecimentos está presente de forma acentuada a promessa da posse da terra.
Neste livro vê-se, portanto, a realização das promessas, fruto da aliança entre Deus e Seu povo. O Livro de Josué é um atestado de que a Palavra de Deus se cumpre no momento certo. Ele é o sexto livro da Bíblia, vindo logo após o Livro do Deuteronômio. Existe uma proximidade muito grande entre estes dois livros. Pode-se dizer que o Livro de Josué é uma continuação do Deuteronômio. Este guarda a memória da Aliança, feita no deserto, entre Deus e o povo de Israel; já Josué descreve como esta Aliança vai sendo vivida pouco a pouco pelo povo, conforme vai se estabelecendo na terra de Canaã.
Josué foi o sucessor de Moisés. O próprio Deus indicou Josué como substituto do grande líder: “Deus disse a Moisés: ‘Tome, Josué, filho de Nun, homem de grandes qualidades, e imponha a mão sobre ele. Depois apresente-o ao sacerdote Eleazar e a toda a comunidade. Passe para Josué o cargo na presença deles, e comunique a ele uma parte de sua própria autoridade, para que a comunidade de Israel obedeça a ele’” (Nm 27,18-20).
Ao ocupar o lugar de Moisés, coube a Josué guiar o povo na conquista da Terra Prometida. Ele sucede a um grande líder e tem, em seu horizonte, a figura de Moisés como desafio. Josué percebeu o que sustentara Moisés e escolheu para si a mesma referência: a Lei de Deus, por isso nutria grande interesse pelos mandamentos do Senhor, observando-os retamente. Ele passou a ser o modelo de um novo tipo de líder, considerado o primeiro juiz da história do povo de Deus.
O testemunho de Josué, em sua fidelidade à Lei do Senhor, animou todo o povo ao comprometimento com Sua Aliança. Seu verdadeiro nome era Oseias, mas Moisés mudou o nome para Josué, que significa “Salvação de Deus” ou “Deus salva”. Que o mês dedicado à Bíblia nos faça crescer na atenção à Sagrada Escritura e nos aproxime mais de Deus, da Sua Palavra e do Seu amor!
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