Colunista

O outro lado da costura

Olhe sempre o verso da situação

Nathalia SPinto

Escrito por Nathalia Silva

16 JAN 2025 - 00H00 (Atualizada em 16 JAN 2025 - 07H40)

Pixabay

O que você costura por dentro, se reflete no que aparece por fora. Se tiver coragem, pegue alguma peça de tecido que você tem (bolsa, carteirinha, nécessaire) e vire do avesso. Literalmente. Abra um pedaço da costura e descubra o real trabalho de quem a costurou por dentro.

Em minha ânsia de concluir logo meus primeiros projetos de costura, sempre corri bastante para terminar a parte de dentro das peças. Precisava colocar manta acrílica, zíper... Depois tinha que fechar a peça para, enfim, desvirar tudo e contemplar minha criação. Mas tal era minha surpresa quando me deparava com costuras tortas, linhas soltas e, o pior, pontos que se desfaziam com um simples puxão. Ah, que decepção! Sentia um desânimo porque sabia que teria que virar tudo de novo, desfazer o que estava malfeito e refazer as costuras.

As marcas ficavam ali no tecido, me lembrando de que errei e do quanto o interior é importante para o exterior. Nestas horas, chegava a dar vontade de desistir, largar mão da peça e começar outra. Mas aí me lembrava do projeto inicial, da ideia, da escolha do tecido e do tempo que dediquei para chegar até ali. Pensava, às vezes, em deixar feio mesmo.

No entanto, minha mestra alertava com uma pergunta simples: “Este erro te incomoda? Se incomoda, vamos refazer”. Simples assim. Desfazer pontos com o caseador virou minha especialidade e motivo de muitas risadas no ateliê, com minhas filhas. Aos poucos, descobri o quanto é importante cuidar do verso da costura, daquelas linhas e alinhavos que ninguém vê, porque todo este processo se refletirá no exterior da peça, de alguma forma.

Percebi que não tem problema errar também, mas é preciso ser sincera comigo mesma, aceitar que estou incomodada e que preciso dedicar tempo a consertar o que não está bom. O processo de conserto pode ser bonito, agradável. Não preciso passar por isso reclamando e me condenando. Posso simplesmente pegar o meu caseador, chamado paciência, e trabalhar firme. Ao final, quando a peça fica realmente pronta, celebro não somente o resultado como também todo aprendizado que ele me trouxe.

Escrito por:
Nathalia SPinto
Nathalia Silva

Leiga consagrada na Milícia da Imaculada há 20 anos, faz parte de nossa equipe de Comunicação e Marketing. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda, Jornalista, com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e Bacharel em Teologia pela Universidade Claretiano.

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