Por Ana Carolina Alves e Augusto Martins
A juventude é tempo de vivenciar experiências únicas e quando somos jovens queremos desfrutar cada momento como se fosse o último. Biologicamente, parece que o futuro nunca vai chegar e isso é algo natural dessa fase. O que ocorre é que, muitas vezes, o marketing ao conhecer (e estudar) profundamente a tomada de decisão dos jovens, se aproveita dessa etapa para os introduzir em um consumismo febril, que além de gerar problemas financeiros, têm profundas implicações socioeconômicas e ambientais. Sobre este assunto os últimos dois Papas foram muito enfáticos. Bento XVI exortou que “comprar é sempre um ato moral, para além de econômico” (Caritas in veritate, 66), e Francisco dedica o último capítulo de uma encíclica para promover uma Educação e Espiritualidade Ecológicas, que formem pessoas que consumam de maneira responsável, conscientes, éticos e solidariamente, compreendendo que “tudo está interligado” (cf. Laudato Si’).
Hoje, observamos a intensidade dos anúncios e o poder dos algoritmos nas mídias sociais que nos colocam padrões de beleza e consumo inalcançáveis, enfatizando a felicidade como “ter” em detrimento do “ser”. Parece até algo “automático”, quando percebemos estamos colocando a nossa felicidade em ter o celular x, o computador y, a roupa z, sentimentos como “sempre quis um desse”, “isso é tudo que eu quero” ou “eu preciso muito disso” parecem nunca parar de nos sugerir, não é mesmo? O que acontece é que atendidos os “desejos” de consumo imediato, a satisfação reaparece e se reinicia num novo ciclo de “falsas necessidades”.
É justamente nesse ponto que a espiritualidade pode contribuir através do discernimento. Aprendemos com Santo Inácio de Loyola que pode ser muito difícil tomar decisões quando todas as escolhas levam a algo “bom”. O grande ponto aqui é saber o que é, ou não, bom para cada um de nós, e no tempo oportuno. Então questione-se sempre: esse produto ou serviço vai colaborar para o meu desenvolvimento como ser humano? Eu tenho dinheiro para fazer essa compra agora? Eu realmente preciso disso? Será que Ana Carolina Alves e Augusto Martins Educação Financeira para a Vida esse produto foi produzido por trabalhadores bem remunerados? Será que esse serviço gera degradação ambiental? Essas e outras perguntas são pistas que nos ajudam a realizar escolhas de consumo mais conscientes.
Uma notícia animadora é que ao mesmo tempo que as inovações tecnológicas pretendem criar nas juventudes uma dependência para o consumo desenfreado, cresce cada vez mais o número de adolescentes e jovens preocupados com o que consomem e modificando hábitos das gerações que os precederam. Isso aparece nos resultados do relatório de tendências The 2022 Instagram Trend Report, o primeiro realizado pela rede social. De acordo com esse levantamento, 23% dos jovens entrevistados afirmaram que pretendiam comprar produtos de segunda mão no ano passado e 24% querem contribuir com a sustentabilidade, vendendo bens em redes sociais ou lojas on-line. O crescimento de lojas de itens usados, como os bazares e os brechós, também têm se intensificado nessa etapa, demostrando uma juventude com vontade e atitudes de mudança. “Nem tudo está perdido, porque os seres humanos (...) podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se (Laudato Si’, 205). Até o próximo artigo! Lembre-se sempre: Educação Financeira é Educação para a Vida!
Fonte: Jovem Mílite
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