Para onde vamos?

Existe um conto de Guimarães Rosa muito rico e profundo chamado “A terceira margem do rio”, que, para muitos críticos de literatura, é como um mistério. Para alguns seria um homem acolhendo o seu destino final: “a morte”. Mas, não podemos afirmar isso. O que seria esta terceira margem? Existe algum rio com três margens? Este conto se encontra publicado na obra Primeiras Estórias, que é narrado em primeira pessoa pelo filho de um homem que decide abandonar a família e toda a sociedade para viver dentro de uma pequena canoa num imenso rio.

Na escuridão, há luz!

Para mim, o processo terapêutico é acompanhar o paciente a buscar a terceira margem. Na concepção terapêutica, buscar a terceira margem seria dar um novo sentido para a vida. As pessoas que sofrem de algum transtorno mental, muitas vezes não compreendem o próprio sofrimento. Os familiares e amigos também querem ajudar muitas vezes, para lidar com as próprias angústias de não encontrar uma resposta.

Entre março e abril, tivemos a quaresma que é um tempo litúrgico muito rico para vida da Igreja. É um tempo de deserto, de solidão e reflexão, que simboliza os quarenta anos do Povo de Deus no deserto em busca da Terra Prometida. Aquelas pessoas não percebiam que naquela escuridão estava Deus. E foram precisos quarenta anos para que se formassem e se constituíssem como um povo. Neste ano, além da quaresma, tivemos diversas privações, dificuldades e incômodos com a quarentena devido à circulação do novo coronavírus. Muitas pessoas passaram por desertos, momentos de solidão e reflexão. Talvez seja agora a hora de procurar uma nova margem.

O terapeuta precisa acolher e dar suporte a seus pacientes em momentos de angústia e desespero. O psicólogo é um portador de esperança. Na escuridão, há luz!

Busquemos a terceira margem e assim encontraremos um novo sentido para nossas vidas.

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