O ano era 1922, no Rio de Janeiro celebravam-se as comemorações do centenário da independência. Naquele cenário aconteceu a primeira demonstração pública de transmissão de rádio no Brasil. O discurso era do presidente Epitácio Pessoa que foi transmitido por meio de uma antena instalada no morro do Corcovado que alcançou Niterói, Petrópolis e São Paulo.
Roquette Pinto, um médico que pesquisava a radioeletricidade para fins fisiológicos, acompanhou tudo e, a partir desse marco histórico, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria ser a pioneira nas transmissões radiofônicas. Criada em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade, foi formada com o propósito de ser um veículo de comunicação, acima de tudo, educativo, cultural e artístico.
A primeira concessão de rádio católica no Brasil foi em 1941, com a Rádio Excelsior, de Salvador - BA. Na década de 1960 outras emissoras de inspiração católica surgiram, ganhando espaço em vários estados brasileiros. Na década de 1950 o Governo Federal identificou que o analfabetismo era um obstáculo ao desenvolvimento do Brasil e, a partir disso, passou a fomentar experiências, métodos e cursos que promovessem a educação de massa e o rádio foi espaço para a alfabetização de milhares de brasileiros. Na mesma época as rádios católicas tornaram-se influência fundamental na educação, por meio do Movimento Educação de Base (MEB), um convênio do Governo Federal em parceria com o Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Muitas concessões, sobretudo no norte e nordeste do país aderiram a esse projeto, contribuindo assim com educação e a formação de muitas pessoas.
Irmã Helena Coraza, da Congregação das Irmãs Paulinas, jornalista, doutora em Ciências da Comunicação foi umas das que esteve ativamente cooperando com o Movimento Educação de Base. Para ela o papel da Igreja no rádio vai além da evangelização: “Por que a Igreja tem os meios de comunicação rádio? Porque o rádio está onde o povo está. A Igreja abraçou esse meio de evangelização com ardor, pois o rádio está muito presente na vida das pessoas. As rádios católicas são fundamentais, imprescindíveis eu diria”.
No dia 14 de novembro de 1987, com grande entusiasmo e amor pela Milícia da Imaculada, Frei Sebastião Quaglio, Franciscano Menor Conventual, quis tornar conhecida esta obra mariana, e para isso contou com a ajuda de um grupo leigos.
No dia 11 de maio de 1995, aconteceu uma conquista muito grande depois de pequenos passos no rádio: A Milícia da Imaculada adquiriu a Rádio Mauá 1490 AM. Esta emissora recebeu o nome de Rádio Imaculada Conceição, com o slogan “O Evangelho em primeiro lugar”. Logo, aconteceu o aumento de potência de 1.000 watts para 5.000 watts. Ademir Mamede Veschi foi um dos leigos que esteve no início desta missão e lembra os desafios que enfrentaram nesta aquisição: “Foi uma loucura santa, um verdadeiro milagre. Ouso dizer que foi mais uma prova clara, incontestável da presença da Virgem Imaculada junto de todos aqueles que se consagraram a Ela. Os milagres foram acontecendo em todo o processo de aquisição: na forma como as doações aconteceram, como as ajudas financeiras ocorreram, pretendente que estavam com dinheiro na mão para comprar essa concessão, mas desistiram, até que a compra pela Milícia da Imaculada foi finalizada”.
Com uma programação totalmente voltada à espiritualidade, oração e devoção a Nossa Senhora, a Rádio Imaculada foi ganhando cada vez mais espaço, despertando em outras emissoras o desejo de ter a sua programação, principalmente na madrugada. Desta maneira, a Rádio Imaculada se expandiu, criando uma rede de rádios chamada Rede Milícia Sat que, na época, chegou a alcançar mais de 100 emissoras em todos o Brasil.
Atualmente a Rádio Imaculada conta com a programação de 24 horas, sem comerciais e contando com a participação de bispos, sacerdotes, religiosos e leigos que transmitem a Palavra de Deus.
O rádio, aparelho eletrônico presente nas casas, carros e nos bolsos das pessoas, foi o porta-voz das notícias mais importantes do mundo, e o fim da Segunda Guerra Mundial foi uma delas. Em agosto de 1941 nascia no país o primeiro programa de radiojornalismo, o renomado “Repórter Esso” que ficou no ar por 27 anos. Os slogans mais famosos do noticiário eram: “O primeiro a dar as últimas” e “testemunha ocular da história”.
O jornal tinha muita credibilidade e esse prestigio rendeu uma história de confiança e segurança para com a população. O fim da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi anunciado na Rádio Tupi no dia 2 de setembro 1945, mas o conflito só foi considerado encerrado pelos brasileiros quando o jornalista Heron Domingues anunciou no “Repórter Esso”.
O rádio está em constante adaptação e tem protagonizado importantes revoluções na tecnologia e na comunicação. Os experimentos de transmissões de voz à distância têm alcançado um patamar ainda maior, como a busca pela portabilidade que acontece constantemente.
O jornalista Wagner Belmonte, doutor em comunicação e âncora do jornal Notícias da Capital, emissora de São Paulo, destaca o maior desafio do radiojornalismo nos dias atuais: “A lógica de que o rádio é imagem, eu acho que as pessoas ainda ouvem rádio e não assistem rádio. A pessoa faz atividades domésticas, dirige, anda de transporte coletivo ouvindo rádio. Essa lógica do rádio visual é contemporânea, ela não é de todo equivocada, mas eu acho que rádio não é imagem, continua sendo uma narrativa de histórias das cidades que tem impactos na vida das pessoas, e nesse prisma o universo do rádio popular é muito rico”.
A jornalista Carolina Ercolin, âncora e editora na Rádio Eldorado também via o rádio como um veículo antigo, até que passou a estagiar em uma emissora de rádio no ABC. Ali nascia uma grande paixão para com o meio no qual ela atua até hoje: “Todas as menções que faziam sobre o rádio, sobre vozes do rádio era algo muito distante. Me sentia um peixinho distante. Com um tempo percebi a potência que o rádio tem em pequenas comunidades, no fazer companhia, na capacidade de formar opiniões. Minha trajetória começou nessa rádio local em que fui repórter e lá foi uma grande escola, para depois me permitir passar por rádios maiores. Esse caminho me fez me apaixonar por esse veículo”.
Para a jornalista, o rádio ainda não é um veículo que atende a perspectiva dos jovens, porém tem respondido à juventude por outras plataformas: “O rádio se faz mais presente para o jovem nas plataformas digitais como podcast que é uma oferta variada, que traz vários gêneros e formatos com mais apelo auditivo”. Leia MaisA pedagogia da ternura INSS amplia lista de doenças sem carênciaA nova era do rádioCIEE está com inscrições abertas para exposição virtual
O rádio, mais do que qualquer outro meio de comunicação, tem a capacidade de criar um vínculo de intimidade com o ouvinte. Com o avanço da tecnologia surgiram muitas plataformas de áudio e uma delas é o podcast, o que elevou ainda mais as incríveis qualidades que o rádio tem.
Uma pesquisa recente dos Estúdios Globo aponta que 57% dos brasileiros começaram ouvir Podcast na pandemia, o que foi uma surpresa para os produtores desta plataforma que achavam que só se ouvia Podcast na locomoção para o trabalho, escola ou no trânsito.
Diversos fatores levaram muitas pessoas acreditarem que o podcast seria uma reinvenção do rádio, entretanto vemos que são duas formas distintas que levam informação, como destaca Isabela Medeiros, criadora do “Ei você do lado daí”, uma produtora que auxilia pessoas físicas e jurídicas que queiram criar um podcast.
Isabela salienta que rádio e podcast são diferentes, com jeito de consumir e de produzir distintos: “A principal diferença entre as duas plataformas é forma como a gente faz um ou outro. O jeito de produzir é diferente, porque está falando para públicos distintos. No rádio os assuntos são mais quentes, o que acontecem no cotidiano. No podcast você pode fazer isso, mas não necessariamente. Você pode trazer entrevistas mais frias. Você tira algumas amarras e fica mais livre e o papo fica mais espontâneo”.
O questionamento sobre o futuro do rádio começou quando a FM chegou ao Brasil, em 1969. O radialista Luiz Fernando Magliocca, atualmente Diretor Executivo da Publinter Comunicação e consultor de emissoras de radiodifusão, foi um dos pioneiros no que diz respeito a Rádio FM. Atuou em inúmeras emissoras começando pela Excelsior AM e FM. Foi diretor artístico das Rádios Difusora AM e FM de São Paulo. Na Rádio Tupi de São Paulo atuou como diretor artístico até o fechamento da emissora. Fez um caminho brilhante na TV Bandeirantes de São Paulo entre 1980 e 1981, e foi criador e diretor da Rádio 89 FM, “A Rádio Rock”, em 1985.
Para o produtor, o rádio só deixará de existir “se alguém tiver o que falar e não tiver ninguém para ouvir, ou ainda quando houver gente querendo ouvir e não ter ninguém para falar. O rádio é isso: comunicação direta, imediata, companhia. Nesse sentido, o rádio não morrerá. E sim vai se reinventar”.
O rádio segue sendo um veículo fascinante, capaz de unir povos e culturas. Aquele que informa e forma. Um meio que se reinventa a cada nova tecnologia e que tem um papel social fundamental e que mesmo em constante mudança, continua atual, imediato, reestabelecendo diálogos. O rádio sempre será companheiro, acolhedor, aquele que estende a mão, que se solidariza, promovendo a empatia. O rádio tem valores que a sociedade precisa.
Fonte: O Mílite
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