Tive a graça de ir a Auschwitz duas vezes. A primeira com um grupo de 15 jovens no ano de 2009; e a segunda vez em 2014 fazendo a quarta etapa de formação do carisma que refletia sobre a oferta suprema de Kolbe que aceitou a dor por amor. Descrever o que vivi, senti e ficou gravado na memória, na mente e coração, não é uma missão tão fácil, mas vamos tentar.
Vamos lá, convido você a entrar nesta viagem comigo. Ao pegar a estrada que nos leva ao Campo de Concentração, em Auschwitz, na Polônia, algo novo tomou posse de mim, uma certa ansiedade misturada com curiosidade e alegria. Logo na entrada, o grande portão com a escrita em alemão: o trabalho liberta.
A cada passo a sensação de que não poderia mais sair, mas, na verdade, é que essa história me pertence e jamais sairá de mim. Foram milhões e milhares de vidas ceifadas naquele lugar. Como eu, todos tinham projetos, sonhos e um desejo enorme de uma vida repleta de paz, harmonia e amor. Vi vários e enormes barracões, onde várias pessoas morreram e, em seguida, levadas ao forno crematório.
Foi duro saber que ali era o fim da vida das principais vítimas do nazismo: judeus, sacerdotes, homossexuais, testemunhas de Jeová, prostitutas e personalidades que levavam o povo a refletir. Foi um impacto enorme ver tudo aquilo. Um deserto me invadiu ao ver aquelas cercas elétricas em volta do lugar em que as pessoas trabalhavam como escravas.
Pense só que quando chegavam no campo, após longa viagem de trem, as pessoas eram despidas, desinfetadas e separadas em dois grupos. As que serviam para o trabalho era entregue um uniforme com listras azuis e brancas. As pessoas que não podiam trabalhar eram destinadas logo às câmaras de gás. Quem “vivia” perdia a identidade para um número tatuado no braço, tinha os cabelos cortados, e era destinado para, além do trabalho, a uma tortura psicológica que era como uma morte ainda estando vivo.
Eis que surge uma grande luz que brilha nas trevas: Frei Maximiliano Maria Kolbe. É por causa dele que fui ao campo, é por ele que entrei nessa história. Fui até o bloco 11 e vi um grande muro no qual eram fuzilados os presos. Em muitos casos, os soldados pediam que familiares atirassem nos parentes.
São Maximiliano passou as últimas duas semanas de sua vida trancado com outros prisioneiros na cela 18, a qual tinha uma janela ao qual dava para ver ou ouvir os fuzilamentos. Imagino Maximiliano ouvindo tudo isso e rezando, pedindo e intercedendo por todos, e fazendo daquele inferno de ódio uma catedral, cantando e elevando a Deus o coração.
Entrando no local onde São Maximiliano deu a vida, tudo calou diante de mim e algumas frases foram ouvidas alto no meu coração: o amor vence o ódio; como São Maximiliano conseguiu perdoar? Num lugar em que era difícil ter o mínimo de amor, ele amou inteiramente. Ao chegar na porta da cela, me ajoelhei e, tomada de emoção, encontrei o amor mais eloquente de Deus por mim, que me abraçava e recordava: "Não existe amor maior do que aquele que dá a vida pelos irmãos" (Jo 15,13).
Todos os condenados morreram antes de São Maximiliano por inanição. Ele permaneceu só. Chegada a hora, estendeu o braço e recebeu a injeção letal. Mas ao seu lado estava a Rainha que coroou em toda sua vida: a Virgem Imaculada. E Jesus, ao qual ele seguiu em cada um de seus passos, o recebia na glória.
As cinzas de São Maximiliano Kolbe se espalharam com o vento... E é por isso que estou aqui partilhando com você! Para juntos gritarmos o poder do amor: "Só o amor constrói".
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