Frei Gilson Miguel Nunes, OFM Conv., convida-nos a meditar a palavra de Jesus, do Evangelho de hoje: “Eu vos disse essas coisas para que a vossa fé não seja abalada”, para que tenhamos a certeza de que nós não estamos sozinhos. Durante a homilia, na Missa concelebrada com Frei Sebastião Benito Quaglio, OFM Conv., no Santuário da MI, Frei Gilson falou sobre a distância da Eucaristia que a maioria dos católicos tem vivido e deu-nos o exemplo de Santa Jacinta Marto, que faleceu sem tomar sua Primeira Comunhão, vítima da gripe espanhola, no início do século passado.
No início da homilia, Frei Gilson recordou que se aproximam as festas da Ascensão e de Pentecostes. Antes disso, seguem-se, nesses dias, os discursos de despedidas de Jesus, em que Ele encoraja os discípulos frente às perseguições que enfrentarão com Sua presença ressuscitada e lhes promete o Espírito Santo, o Paráclito.
No momento do ofertório, Frei Sebastião ofereceu ao Pai, junto ao Pão e ao Vinho, a vida de todos os mílites, os que acompanhavam a celebração, os que estão em comunhão com a MI, e aqueles que estão sofrendo por causa da epidemia.
Nas orações finais, o frade responsável pelo carisma da Milícia da Imaculada (MI), recordou a missão da Obra e pediu a Jesus e à Imaculada que a comunicação da MI possa trazer a esperança num novo caminho de convivência frente à uma comunicação que cansa e ilude: "Que a MI possa ser, nesse momento, esse novo abraço acolhedor, que não tem medo de contágio, mas, ao contrário, com a sua força libertadora, revela uma nova comunhão de vida, em que a fé, o sentimento e a alegria se dão a mão, se abraçam, se realizam, se refazem, para tornar o mundo diferente, acabando com tantas manifestações vazias, barulhentas, que cansam, desiludem".
Confira aqui o vídeo da Santa Missa e, aqui, as leituras da Liturgia diária. A seguir, você pode ler e ouvir a homilia e as orações fiéis, na íntegra:
Queridos irmãos, que nos acompanham através desta transmissão, diretamente do Santuário Imaculada Conceição e São Maximiliano Maria Kolbe, aqui, no Riacho Grande, em São Bernardo do Campo, estado de São Paulo.
Queridos mílites, irmãos que se unem, nesta manhã, em oração, conosco.
Querido Frei Sebastião, Reitor deste Santuário e guardião do nosso carisma, nosso amado irmão, que tem nos sustentado com a sua prece e a sua presença cotidiana, celebrando a Santa Missa para nós e também rezando conosco.
Estamos na Sexta Semana do Tempo da Páscoa, nos aproximamos da Festa de Pentecostes (31 de maio). No próximo domingo (24 de maio), celebraremos a Ascensão do Senhor. Estamos, agora, nos capítulos dos discursos de despedida de Jesus. Jesus, que, ressuscitado, aparece aos Apóstolos, lhes concede a paz e os arranca do medo. Eles estavam fechados em casa, aprisionados pelo medo, e Jesus os envia a pregar e a anunciar. Dá-lhes a alegria da Sua presença, faz-lhes ver, mais do que compreender, a Sua presença ressuscitado e, pouco a pouco, passam a acreditar que Ele está vivo, que Ele não é um fantasma, agora, ele lhes promete o Espírito Santo.
Meus irmãos, o Espírito Santo é a alma da Igreja. O Espírito Santo, como nos ensina São Maximiliano Kolbe, é aquele que, em Maria, no seu seio puríssimo, gera o Cristo. E como ensina São Francisco, o Espírito Santo também faz de nós mães, irmãos de Nosso Senhor, quando guardamos a Palavra como Maria. O Espírito Santo é quem fecunda a nossa alma, o nosso coração. O Espírito Santo nos liberta do medo.
Todos nós recebemos esse espírito pelo Batismo e pelo Crisma da confirmação, e fomos enviados ao mundo para testemunhar o amor de Deus por nós. O Espírito Santo impulsiona a missão, como a alma da Igreja. Ele gera Cristo em nós; Ele é o nosso advogado; Ele é o nosso defensor. E ouvir essa promessa de Jesus sobretudo o versículo 16: “Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada” é importante: ouvir a promessa do Espírito Santo, em tempos de pandemia, onde também nós, como outrora os discípulos e Apóstolos, depois da tragédia da cruz do Calvário, se sentem amedrontados, acuados, fechados por medo, de alguma forma, nós experimentamos, hoje, esse medo: o medo da morte, o medo do contágio, o medo de que aqueles que amamos também sejam atingidos por esta pandemia, o medo do futuro.
Frei Sebastião e eu conversávamos, agora, antes da missa, pensando como será o amanhã... Um dia depois da pandemia... Muitas pessoas chegam a pensar: “Nossa, é tão bom assistir a Missa em casa... é a mesma coisa. É como se eu tivesse no santuário…”. Não! Não é! Como o frei recordava, a Eucaristia é presença, é comunhão. Nós estamos acompanhando a Missa pela internet, pelo Facebook, pelo Instagram, pelo site, porque são tempos de pandemia, mas nada dispensa a nossa presença física, amorosa, nas nossas celebrações.
Teremos um grande desafio também depois da pandemia. Esse tempo deve nos fazer sentir saudades da comunidade, da igreja, do Santuário. Não o contrário. Nós não podemos nos acostumar a viver longe da comunhão da igreja. Pelo contrário. Esse tempo deve fazer emergir em nós o desejo pela Eucaristia, saudades da vida em comunidade, fazer valorizar ainda mais a presença de Jesus na Eucaristia.
Portanto, essa palavra de Jesus “Eu vos disse essas coisas para que a vossa fé não seja abalada” nos dá, nesta manhã, a certeza de que nós não estamos sozinhos.
Cristo, Nossa Páscoa, está ressuscitado. Ele derrama sobre a Sua Igreja e sobre nós o espírito Defensor, o espírito de Cristo, o espírito do Ressuscitado que é o amor do Pai e do Filho, é fortaleza, é consolo.
Portanto, meu irmão e minha irmã, você que se sente cansado, você que não aguenta mais o isolamento, nós também, pastores, estamos sofrendo, porque, afinal de contas, não existe pastor sem rebanho. Olhar nossas igrejas vazias nos corta o coração, mas vai passar. Nós temos o Espírito Santo, o Consolador, aquele que, em Maria, nos deu o Espírito Santo, aquele que gera Cristo em nós, aquele que impulsiona a nossa missão. Nós não estamos sozinhos.
Vamos clamar, vamos pedir nesta Eucaristia: Vinde Espírito Santo, pela poderosa intercessão do Imaculado Coração de Maria, vossa amadíssima esposa. O Espírito Santo arranca do medo. O Espírito Santo dá esperança. O Espírito Santo nos acompanha. Ele é o amor do Pai e do Filho.
Termino partilhando com vocês uma descoberta, ao menos para mim. Celebramos há pouco a aparição de Fátima, no dia 13 de maio, e, ouvindo um documentário da postuladora da causa dos pastorinhos Jacinta e Francisco, descobri que Jacinta também morreu numa pandemia. Foi a grande gripe espanhola, que dizimou milhões de pessoas, sobretudo, na Europa.
Jacinta queria muito comungar, ela tinha um desejo muito grande. Nós sabemos que ela morreu muito cedo, muito menina, pequena, e ela não comungou. Ela morreu sem receber a Primeira Eucaristia. Eu não me recordava disso, eu não sabia disso. E o padre, que fazia a animação da Missa, dizia: “Todos vocês que queriam estar aqui”... Aquela foi a primeira vez, em cem anos, em Fátima, que não havia pessoas, não havia a multidão naquela praça.
Assim como o padre do Santuário de Fátima, em Portugal, lembrava de todos que gostariam de estar lá...
Aqui, toda segunda-feira, muitos vêm a esse Santuário. Ele fica repleto. A Milícia da Imaculada é um canteiro mariano eucarístico, cheio de vida nos estúdios, com os trabalhadores aqui... É uma cidade de Maria. Nós vivemos aqui num jardim de Nossa Senhora. Então, ver esse Jardim deserto é algo que dói na alma, mas, pensando em Jacinta que morreu sem poder fazer a Primeira Comunhão e foi canonizada, é santa, viu Cristo no céu, está no céu intercedendo por nós, que esse tempo aumente o nosso desejo pela Eucaristia e a certeza de que nós vamos nos reencontrar.
E, durante esse tempo, que a consolação do Espírito Santo nos dê esperança e a Milícia da Imaculada, nesse tempo de campanha extra Você Ilumina! vive para isso.
A nossa vocação é evangelizar. Somos consagrados à Imaculada para evangelizar. Esse é o nosso ideal: levar Cristo a todos, que todos façam a experiência do Espírito Consolador, que todos encontrem em Maria, como Frei Sebastião sempre nos ensina, o caminho mais seguro para Jesus.
Nossa Senhora é o caminho mais seguro para o coração da Trindade. Que o espírito Consolador esteja conosco, para que tenhamos coragem para dar testemunho, nesses tempos difíceis, sabendo: Você não está sozinho! Eu não estou sozinho! Nós estamos aqui com você. A Milícia da Imaculada existe para você, para que você possa sentir a proximidade de Deus.
Salve Maria Imaculada!
Jesus, estamos vivendo momentos estranhos em que devo olhar para o meu irmão à distância, devo concelebrar, também, nos resguardando do toque. São momentos difíceis, Jesus, para todos nós. Estamos aqui contigo. Você sabe, com o Teu toque, fazer o contrário, curar a todos, refazer a energia de todos.
Peço-te, Jesus, olhai para todos nós, para todos aqueles que estão, neste momento, olhando para Você. Dá a cada um aquela energia interior, que supera toda a manifestação física, e que leva o amor a se encontrar, a criar uma energia, uma comunhão, uma solidariedade capaz de derrotar o mal, e de abrir novamente um caminho de um relacionamento mais sincero, mais autêntico, despertando os caminhos errados em que estávamos caminhando, e olhar com maior atenção o único caminho que, juntos, temos que percorrer; não tanto com aquele relacionamento barulhento, mas com aquele relacionamento silencioso, de respeito, de amor, de coragem, de solidariedade, de esperança e de vitória.
Ajudai-nos, Jesus, por essa Eucaristia, a nos sentirmos esse corpo único contigo, esta videira que, na Sua unidade, dá os Seus frutos; que, na Sua comunhão, dá ao mundo uma energia nova, e socorre a todos.
Pedimos-te, ó Virgem Mãe de Jesus e nossa, que estais olhando com Teu Coração de Mãe, também machucado com essa realidade nossa, e, como a mãe, ajudai-nos, teus filhos, a fugir da perseguição desta situação, para nos encontrarmos em um novo jeito de comunhão, como filhos teus, como discípulos do teu Filho Jesus.
Que a Milícia da Imaculada possa ser, nesse momento, Virgem Santa, esse novo abraço acolhedor, que não tem medo de contágio, mas, ao contrário, com a sua força libertadora, revela uma nova comunhão de vida, em que a fé, o sentimento e a alegria se dão a mão, se abraçam, se realizam, se refazem, para tornar o mundo diferente, acabando com tantas manifestações vazias, barulhentas, que cansam, desiludem.
Fazei-nos, ó Virgem Santa, colaboradores desse novo jeito de ser, para que sejamos a nova Igreja, o novo corpo do teu Filho Jesus. Para isso, aceita, neste momento, a nossa entrega:
Pela intercessão da Virgem Imaculada, nossa mãe, Deus derrame em você a luz, iluminando os teus passos, tuas decisões, o teu rumo verdadeiro, derrame a sabedoria para você escolher continuamente o que é de Deus, te dê força para alcançar a vitória. Abençoe-vos o Deus Todo Poderoso o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Amém.
Então, vamos ficar em paz, estamos com a presença e o poder de Deus e a ternura de Nossa Senhora. Como sempre, vamos, então, cantar o nosso hino de vitória: Cristo vence, Cristo reina, Cristo impera. Novos tempos vão chegar porque Ele é o rei:
(Christus Vincit e Regina Coeli)
Deus abençoe você, Gilson, e cada um de vocês e vamos em frente, nesta obra maravilhosa da Milícia da Imaculada, que tem isso como meta: que o Cristo seja o Rei, o Salvador de todos, e, fazendo isso, através da nossa consagração. Nossa Senhora vai nos ajudar para que tudo isso aconteça.
Salve Maria Imaculada!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!
(canto final: Dai-nos a bênção)
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.