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“Sinta-se só com Deus. Esqueça tudo e se sinta filho, filha. Sinta que Ele é amor, é Pai e você vai ver que a tempestade vai se acalmando. Você vai ouvir no seu coração aquela voz: ‘Por que você está com medo? Estou aqui com você’”. Com essas palavras, Frei Sebastião Benito Quaglio, OFM Conv., indicou como podemos buscar o silêncio interior e nos abrir à presença de Deus que ali habita.
Durante a celebração da Santa Missa, nesta Sexta-feira da Décima Semana do Tempo Comum, 12 de junho, no Santuário da MI, em São Bernardo do Campo - SP, o frade comentou o Evangelho do dia e rezou a Santo Antônio, pedindo que nos ajude a viver o Santo Evangelho e nos ensine a reagir perante o medo e a angústia. Recordou o episódio em que o santo, ao ler o Evangelho de hoje, foi chamado a reatar o pé de um rapaz e, repreendendo-o, disse: “Não é assim que você tem que fazer. Não é o pé que você tem que cortar, é o teu orgulho, a tua prepotência, a tua falta de amor! É isso que você tem que cortar”.
Frei Sebastião rezou por todos que estão desorientados, para que encontrem a brisa espiritual, a paz interior, e consigam ver de verdade, ouvir de verdade e caminhar de verdade com a paz no coração. Pelos que vivem lutas e conflitos familiares, matrimoniais, para que sejam iluminados por Deus nas suas decisões. E rezou também pelas vítimas da epidemia.
A celebração começa aos 16 minutos do vídeo. A seguir, a homilia na íntegra:
Temos que pedir a Deus que nos ilumine sempre para poder interpretar a Palavra de Deus, a palavra dele, segundo a Vontade dele.
A primeira leitura sempre me chamou à atenção sobre esse episódio: a vida de Elias, o conflito com os sacerdotes de Baal, a sua fuga, a sua chegada no Monte Sinai... Ele teve uma experiência de Deus, e teve essas experiências do barulho do vento, do terremoto, do fogo e, a um certo ponto, uma voz que dizia: “Não, não estou aqui”. E, num certo momento, ouviu o murmurar de uma brisa suave e Deus que dizia: “Estou aqui”.
Eu vejo nisso a nossa vida barulhenta, cheia de problemas, dificuldades. E nós estamos precisando desta brisa. O que é esta brisa? É poder parar um pouco, não digo só fisicamente, porque, às vezes, somos forçados, né? Às vezes, é uma parada forçada, é um redemoinho dentro da gente, que nos deixa loucos.
Esta parada interior é fazer uma retrospectiva dentro do nosso coração, perceber o que é essencial na vida mesmo. Quais são os valores? Por que nós estamos existindo? Qualé o rumo da nossa existência? Por que nós estamos trabalhando? Por que nós estamos, agora, perante essa epidemia? Muitas perguntas. E talvez a gente queira responder com o noticiário que vem como uma avalanche de informação que acaba nos envolvendo, nos acabando. Este silêncio interior é possível? Sim. É possível! Sentir-se só com Deus. Esqueça tudo, se sinta filho, se sinta filha. Sinta que Deus é amor, que Deus é Pai, e você vai ver que a tempestade onde você está navegando, vai se acalmando. Vai ouvir no teu coração aquela voz: “Por que você está com medo? Estou aqui com você.
Então, esta brisa suave de Elias mostra a nossa vida. Nós precisamos disso. Eu digo a partir de mim mesmo. A tempestade das preocupações, de tudo, nos tira a serenidade e a tranquilidade, nos tira uma visão real das coisas. Esta serenidade é um tempo, uma intimidade que temos que ter com Deus. Procura isso. Procura. Elias andou muito, mas chegou a entender que o Deus que precisava não estava no barulho da vida, na luta dele; mas estava no silêncio, na serenidade.
E o Evangelho de hoje. Ler o Evangelho de hoje, nesta nossa sociedade, é um duelo perante tantas dificuldades que existem, sobretudo, na vida matrimonial, no casamento. Como é fácil, hoje, ouvir: “Ele foi morar com outra”... Parece que a sociedade está precisando de um pouco de luz, uma maior consciência sobre o sentido do ser humano. Quem é aquela pessoa que eu escolhi para viver comigo? O que ela significa para mim? Fazer uma análise. Lembra daquela brisa? Saber olhar, saber enfrentar uma realidade. Acho que o respeito à pessoa é a base de tudo. E a fidelidade - o Papa que falava -... A fidelidade do Evangelho não é meramente humana, uma fidelidade humana, não. É uma fidelidade divina. Temos que ser fiéis também quando a tempestade existe, quando as dificuldades existem. Deus conhece a história de cada um, mas diria a todos: Não se afastem do respeito humano, do respeito às pessoas. Ajam, sim, com muita sinceridade, em todas as coisas, e peçam a luz de Deus perante qualquer decisão da vida.
É interessante porque os caminhos de Deus são caminhos que sempre dão certo. Mas de uma forma certa.
Amanhã é a festa de Santo Antônio. Só um exemplo: hoje, o Evangelho diz que se teu pé te escandalizar, corta-o. É melhor entrar no Reino do Céu só com um pé do que, com dois, ser jogado no inferno. (...)
Santo Antônio estava fazendo uma pregação exatamente explicando, falando sobre esse Evangelho. Mas Santo Antônio era um pregador firme. Não era aquele santinho... meigo também. Mas era forte, era chamado de Martelo dos hereges. Então, a linguagem dele era forte, forte, forte e, um dia, falou isso. Na Basílica Santo Antônio, você vê esse milagre atrás do túmulo dele. Um rapaz que havia maltratado a sua mãe com um pontapé ouvir e, quando ouviu o discurso de Santo Antônio, chegou em casa e, com um machado, decepou o pé. A mãe, quando viu aquilo, ficou desesperada. Procurou Santo Antônio e ele veio ver o rapaz.
Santo Antônio pegou o pé e colocou de volta no rapaz. E, depois, disse: “Não é assim que você tem que fazer. Não é o pé que você tem que cortar, é o teu orgulho, a tua prepotência, a tua falta de amor! É isso que você tem que cortar”. Bonito isso, né? Porque mostra pra gente uma dinâmica forte da nossa vida, para deixar a nossa personalidade como Deus a criou e a quer, tomando Jesus Cristo como o nosso modelo. Força, meus irmãos!
Hoje, vamos meditar sobre este silêncio da brisa, e vamos meditar sobre a fidelidade, que vai além dos compromissos humanos, que é a fidelidade que vem de Deus, e a nossa coragem de refazer uma vida mais em sintonia com o jeito de Deus. Amém.
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