Por Frei Aloísio Oliveira Em Lendo o Evangelho

Amar e servir ao próximo

“A verdadeira grandeza”

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Jesus caminha incógnito pela Galileia rumo a Jerusalém. Isso lhe possibilita instruir seus discípulos anunciando-lhes sua morte e ressurreição. Essa revelação soa estranha à lógica cotidiana e quebra a trama habitual da experiência construída na base dos desejos e previsões humanas, de tal modo que os discípulos são tomados de medo, demonstrando, mais uma vez, a incapacidade de compreenderem o destino do Messias sofredor já manifestada, anteriormente, pela reação negativa de Pedro (cf. Mc 8,31-32).

O substrato do ensinamento de Jesus aos discípulos, no caminho para Jerusalém, é a lógica da Cruz que opera uma reviravolta de valores e adquire toda sua seriedade no acontecimento histórico da paixão no qual Jesus, o Primeiro, se torna o último e o servo de todos.

Os discípulos, porém, na contramão da instrução do Mestre, discutiam quem deles ocuparia o lugar de precedência. O caminho para Jerusalém conduz ao lugar da revelação messiânica. Mas, por sua falta de entendimento, os discípulos a concebem de maneira diferente do que realmente será.

Por isso, quando Jesus pergunta sobre o que discutiam pelo caminho, ficam calados como uma tumba porque estavam disputando quem deles seria o maior (cf, Mc 9,34). A resposta de Jesus afirmando que maior é quem serve a todos põe fim à discussão porque introduz outra hierarquia de valores que erradica qualquer pretensão de precedências (cf, Mc 9,35).

Com efeito, a criança carinhosamente tomada nos braços e colocada no meio dos doze é a visualização concreta do pronunciamento de Jesus. Pois, na sociedade judaica antiga, a criança era desprestigiada.

Segundo o Antigo Testamento, a criança é travessa e imprudente, necessitando de severa correção divina e humana (cf. Is 3,4; Sb 12,24; 2Rs 2,23-24). O rabi Yohanan afirmava que “desde os dias em que o Templo foi destruído, a sabedoria foi tirada aos profetas e entregue aos loucos e às crianças”.

O abraço de Jesus à criança significa, portanto, a postura que se deve tomar na comunidade cristã em relação aos pequenos e pouco considerados na própria comunidade e na sociedade em geral.

Em suma, o evangelista recorda que o significado fundamental da instrução de Jesus, naquele momento aos doze, mas, deste então, válido para toda comunidade cristã, é tão evidente que é impossível não reconhecê-la: a verdadeira grandeza se mede pela disposição a servir, à semelhança do Filho do Homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua Vida (cf. Mc 10,45).

Escrito por:
Frei Aloísio, Ministro Provincial
Frei Aloísio Oliveira

É Ministro Provincial da Província São Francisco de Assis dos Frades Menores Conventuais e especialista em Sagrada Escritura.

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