Deserto é um conceito denso de simbolismo bíblico: está entre o Egito, terra da escravidão, e a Terra Prometida, lugar de liberdade e felicidade. Portanto, o deserto é travessia arriscada. É o lugar da prova, o cadinho purificador e revelador do conteúdo do coração humano: “Lembra-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de humilhar-te e provar-te para saber o que tinhas no coração” (Dt 8,2).
Mas, não é fácil aceitar o deserto como parte integrante do processo de maturação humano-espiritual, pois, para o cristão, estar no deserto pode significar experimentar a aridez, a monotonia, a repetitividade, a escassez de satisfações humanas e também espirituais, o cansaço e o desânimo na oração que pode chegar até ao não sentido, uma sensação da ausência de Deus, uma vida sem relacionamentos verdadeiros, sem o mínimo de densidade afetiva, uma experiência humana indesejável, que se apresenta árdua e infrutífera...
Todas estas situações, quando instaladas na vida do fiel, se refletem em sua paisagem interior como deserto, tentação e prova, que o levam a se perguntar, como o povo de Israel outrora: “O Senhor está no meio de nós: sim ou não?” (Ex 17,7). Valeu a pena ter saído do Egito? Não seria melhor ter permanecido lá ao redor das panelas de cebolas e carne? Que salvação é essa na qual se sofre a fome e a sede, na qual cada dia nos traz como presente a visão do mesmo horizonte desesperador? O deserto, portanto, constitui-se em um terrível julgamento e um revelador do que habita o coração humano.
É importante constatar que, segundo o texto, é o próprio Espírito que conduz Jesus ao deserto para ser tentado (cf. Mt 4,1). Portanto, aos trinta anos, antes de iniciar seu ministério de anunciar o Reino de Deus, Jesus deve ser submetido à provação para se confrontar com os conteúdos de seu coração. Com efeito, ninguém pode servir a Deus sem passar por um decisivo confronto consigo mesmo, como afirma o Eclesiástico: “Filho, se dedicares a servir ao Senhor, prepara-te para a prova. [...], pois o ouro se purifica no fogo e os eleitos, no cadinho da humilhação” (Eclo 2,1.5).
Obviamente, ninguém pode e nem deve buscar, por si mesmo, as situações de provação na vida. Mas, quando elas acontecem o cristão é chamado a vivê-las com a iluminação de sua fé. As provações são sempre difíceis e podem se constituir em sério risco de desvio, pois o povo de Deus, no deserto, adorou o bezerro de ouro trocando a glória do Deus invisível pela imagem do boi que come capim (cf. Sl 106[105],20). Contudo, tais situações podem ser vividas, à luz da fé, como momento de graça, pois revelam, com maior clareza, o que está alojado nos bastidores de nosso coração.
Os quarenta dias de Jesus, no deserto, sem pão e sem água, estão em estreita relação com a experiência do povo de Israel. Diante das tentações, porém, o que se revela é a absoluta fidelidade de Jesus. Ele rebate o tentador dizendo que é a Palavra de Deus que dá pleno sustento à vida humana (cf. Mt 4,4); que a Deus não se pode tentar (cf. Mt 4,7) e que só Ele é digno de adoração (cf. Mt 4,10). Assim, o Diabo, que é ladrão da Palavra de Deus semeada no coração humano (cf. Mc 4,15), é finalmente vencido pelo Filho de Deus, obediente à Palavra. Com isso, revela-se que o ser humano se torna a palavra que escuta; quando escuta a Deus, torna-se filho d’Ele como Jesus, mas se não O escuta, envereda-se por um caminho de mentira e perdição (cf. Jo 8,44), que o torna cada vez mais prisioneiro do mal.
As tentações de Jesus no deserto encarnam, portanto, a mais antiga e empedernida tentação humana: o protagonismo do eu que quer tomar o lugar de Deus e constituir-se como fim absoluto do destinar-se humano. É o engano que deu origem a todo mal (cf. Gn 3) e que consiste no querer sujeitar Deus à própria vontade, e instrumentalizá-Lo, em todos os níveis, para o próprio interesse. Portanto, a tentação a que o velho Adão sucumbiu, é a mesma que sobreveio a Jesus Cristo, Novo Adão. Jesus, porém, manteve-se unido ao Pai, conformando sua vontade à dele, mantendo-se obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,8), a qual é a verdadeira árvore da vida de cujos frutos podemos, agora, saborear (cf. Gn 2,9).
Fonte: O Mílite
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