No tempo de Jesus, Roma havia consolidado sua dominação política sobre a Judéia. O tributum capitis, imposto que todo judeu adulto devia pagar ao império, era sinal dessa dominação. Esta dominação política implicava também em um problema religioso, visto que o imperador romano era um rei pagão que avocava para si uma forma de reconhecimento e de culto que, à luz da fé de Israel, era idolatria abominável.
Diante desta questão político-religosa tomavam-se distintas posições. Os zelotas, uma espécie de movimento guerrilheiro, propunham a luta armada contra os romanos; os fariseus sentiam a dificuldade de aceitar a dominação estrangeira, mas não aderiam ao recurso extremo dos zelotas; os herodianos, assim denominados porque apoiavam as autoridades locais da linha dinástica de Herodes, eram praticamente colaboracionistas; o que lhes importava realmente era a manutenção de seus interesses.
A pergunta feita a Jesus, revela escrúpulos religiosos dos fariseus, mas ao mesmo tempo, a intenção deles e dos herodianos de enredá-lo em uma questão candente, de ter que se declarar a favor ou contra o poder romano de ocupação.
Jesus escapa da armadilha transferindo a questão do plano ideológico ao espiritual prático, onde engata a decisão religiosa que respeita o relacionamento com Deus.
À pergunta se se deve ou não pagar o imposto a César, Jesus responde com outra pergunta sobre um fato que parece banal, mas que na sua sólida evidência não permite sofismas ideológicos: “De quem é esta imagem e esta inscrição?” E eles responderam: “De César”. Então Jesus lhes disse: “O que é de César, dai-o a César e o que é de Deus, a Deus!”
Neste pronunciamento, que constitui o eixo de todo o texto, o acento cai certamente sobre a segunda parte. A Jesus interessa ressaltar a relação do homem com Deus, fundado sobre a exigência imprescindível de dar-lhe o que é devido.
O Deuteronômio (6,4-5) fala de amor total e exclusivo e de coração indiviso para o Senhor, reconhecido como o Deus único de Israel: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor!” (Dt 6,4). “É ao Senhor teu Deus que temerás e só a Ele servirás” (Dt 6,13).
Esta colocação do problema de Deus, que aparentemente nada tem a ver com a liceidade do pagamento do tributo ao imperador, na verdade resolve a questão pela raiz. Pois a partir da questão de Deus toda a autoridade terrena é redimensionada e recebe uma configuração precisa que exclui qualquer pretensão de absolutismo e divinização de seu poder.
Dobrar os joelhos diante de Deus significa logicamente recusar-se a dobrá-los diante dos homens. Reconhecê-lo como Senhor comporta a negação de qualquer pretenso senhorio humano sobre as pessoas.
Os poderosos deste mundo foram derrubados de seus tronos e os humildes foram elevados (Lc 1,52) à condição de homens livres chamados a decidir pessoalmente suas vidas. Jesus quer dizer: pague-se, pois, o imposto ao imperador. Esta é uma sujeição relativa. Não importa muito. Mas a Deus seja tributada a adesão total e exclusiva das nossas pessoas porque nós não temos um outro Senhor.
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