Marivan Soares Ramos e Mário Lucas Costa
No dia 12 de outubro celebra-se no território brasileiro, duas grandes festas: O dia das crianças, instituído em 1924, e o dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, instituído em 1953 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O Papa Pio XI por meio de um Decreto, em 1930, proclama Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.
Anteriormente a festa para santa brasileira era comemorada no dia 07 de setembro, talvez, pela proclamação da independência do Brasil. A escolha do dia 12, pode sugerir algumas hipóteses: a) A chegada dos espanhóis no continente americano, em 12 de outubro de 1492; b) Três pescadores no Rio Paraíba do Sul, SP, em outubro de 1717 encontraram a imagem daquela que se tornaria a Senhora Aparecida; c) Data natalícia de D. Pedro I.
O feriado nacional foi declarado após a visita do Papa João Paulo II, pelo então presidente João Batista Figueiredo, que sancionou a Lei n. 6.802/1980: “Declara Feriado Nacional o Dia 12 de Outubro, consagrado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil - para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil”. Oficializa-se assim, na República Federativa do Brasil, Estado laico, o dia 12 de outubro como feriado Nacional consagrado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Os nomes na tradição bíblica estão carregados de significados. A mãe de Jesus chama-se em hebraico Miryam, em latim Maria. Trata-se, pois, de um nome comum. Seu significado pode ser “senhora”, ou “a amada de Deus”. Maria é, portanto, o nome de quem Deus chamou para ser a mãe do salvador, ou seja, o próprio Deus encarnado (cf. Lc 1,30-31; Jo 1,1.14).
As passagens bíblicas onde aparece a figura de Maria são modestas. Conta-se em Marcos 5 versículos de 645; Mateus 21 versículos de 1052; Lucas 86 versículos de 1151; João 16 versículos de 900; Atos 1 versículo de 1005 (cf. BIGOTTO, 2010, p. 11).
Desde muito cedo a devoção mariana “é fundamental para a espiritualidade e para arte das tradições católicas e ortodoxas” (COYLE, 2005, p. 13). Manifestada em forma de “orações, hinos, devoções e festas” a ela, também é dedicada e celebrada por uma diversidade de nomes: “Virgem, Mãe, Senhora e Rainha do Céu” (COYLE, 2005, p. 13). Maria constantemente é lembrada na arte cristã através de “vitrais, estátuas e quadros” (COYLE, 2005, p. 14). De modo gracioso, a figura de Maria ocupa um lugar singular “no imaginário popular especialmente como a santa poderosa e bondosa que intercede por nós”, assim, a ela muitos entregam, confiantes “nas mãos da Mãe de Deus” seus “pedidos de socorro” (MURAD, 2012, p. 15).
Diante dessas expressões comunitárias e pessoais de amor e carinho, “ao longo de dois mil anos de história”, à Virgem Maria, “duas certezas orientaram as reflexões e os estudos marianos: a) O próprio Deus confiou-se Á Virgem Maria, dando-lhe o próprio Filho no mistério da encarnação; b) Na Virgem Maria tudo é relativo a Cristo... Deus Pai, a escolheu e a enriqueceu com dons do Espírito Santo a ninguém mais concedidos” (KRIEGER, 2001, p. 15). Maria, é a nova Arca da Aliança, onde o Criador do Universo lhe dará “a maior dádiva ..., seu Filho Jesus, o Santo que nasce de um ventre santo e sem mancha” (MATOS, 2017, p. 63).
Contudo, a tradição católica, a partir do Concilio Vaticano II (1962-1965), com a Constituição Dogmática Lumen Gentium, no capítulo 8, apresenta-nos importantes ensinamentos atualizados, em torno da figura de Maria. São eles:
a) A Mãe de Jesus não deve ser vista de maneira isolada, mas sempre em relação com Cristo e a Igreja, tornando-se assim modelo da comunidade de fé;
b) Os teólogos devem se sentir estimulados a avançar e aprofundar, em comunhão com a Bíblia, a Tradição, e o Magistério, a teologia mariana na Igreja;
c) Perceber a presença de Maria a partir de características relacionadas a missionariedade e o serviço;
d) Compreensão e ensinamento da cooperação de Maria e dos Santos na missão salvífica de Jesus;
e) Os cuidados necessários aos possíveis desvios da devoção mariana.
Diante de tudo o que foi dito acima, fica evidente que a Devoção a Virgem Maria já estava presente durante a época do Brasil colônia, Nossa Senhora da Conceição já era proclamada Rainha de Portugal, isto é, em 1646 através de Dom João IV, em um gesto de solenidade, ofereceu a sua coroa para virgem santíssima, que por sua vez, tornara-se rainha de Portugal. Após este gesto de Dom João IV, nenhum outro monarca de Portugal, teve colocado em sua cabeça a coroa imperial, pois está, já não mais pertencia a eles, mas sim a Santíssima Virgem.
A história nos conta, que Príncipe Regente D. Pedro I, visitou a capela de Nossa Senhora Aparecida em 1822, e prometeu lhe consagrar o Brasil, caso conseguisse resolver uma situação política delicada. Dias após sua visita, foi proclamado a independência do Brasil, no dia 7 de setembro. Sendo assim, D. Pedro I, dedicou o dia 12 de outubro todas as festividades e homenagens a Virgem Mãe do Brasil.
De fato, parece não haver registro de devoção de D. Pedro I a Nossa Senhora Aparecida, além de sua visita a capela. No entanto, podemos lembrar que a família Real portuguesa sempre foi muito religiosa e o fato do Brasil manter o regime de padroado permite esta inferência. De alguma forma, podemos pensar na “intercessão” de Nossa Senhora a seu devoto, D. Pedro como forma de ajudar o Brasil. Assim se expressa nessa belíssima oração: “Abençoai-me, ó celestial cooperadora, e com vossa poderosa intercessão, fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças no céu, por toda eternidade”.
A princesa Isabel era uma devota fervorosa a Nossa Senhora Aparecida, tendo professado sua fé católica aos 14 anos de idade, e tinha o sonho de ser mãe de um menino, para que herdasse o trono do Brasil. Por conta disso seu pai Dom Pedro II, encontrou em Conde d’Eu, um marido para sua filha, na qual também havia de ser de fé católica.
Por duas vezes a princesa Isabel fez peregrinação até o Santuário de Aparecida, oferecendo presentes a santíssima virgem, onde ofereceu a Santa um manto cravejado com 21 brilhantes, representando cada um deles as províncias do império, sendo oferecido como promessa para que pudesse dar à luz a um herdeiro.
Anos depois, ela mandou o ourives da Corte fazer uma réplica, em miniatura, da coroa que fora desenhada para ela - e que usaria, caso fosse coroada como rainha do Brasil - e fez a oferta para a Virgem.
Conta-se que a princesa Isabel teria deixado no Santuário um bilhete, ao fazer a entrega da coroa, com o seguintes escritos: "Eu, diante de Vós, sou uma princesa da terra e me curvo, pois és a Rainha do céu e te dou tão pobre presente que é uma coroa que seria igual à minha, e se eu não me sentar no trono do Brasil, rogo que a Senhora se sente nele por mim e governe perpetuamente o Brasil".
Ambos, coroa e manto originais estão em exposição no museu do Santuário, desde o ano de 2010 as Irmãs Carmelitas de Aparecida confeccionam mantos novos que são colocados na Santa que fica no Altar Central durante a Novena e Festa da Padroeira.
Durante a história brasileira não podemos ignorar o fato que a princesa Isabel, junto com seus apoiadores, lutaram como podiam para livrar o Brasil do mal da escravidão, e o preço a qual pagaram, nada mais foi que a perseguição e resultante de um golpe, diluindo o Império em uma República, com um forte sentimento anticatólico, pois haviam sido banidos da vida pública e da Constituição o nome de Deus e da Virgem Santíssima.
Em 13 de maio do ano de 1888, a então princesa Isabel assinava a Lei Áurea, a lei de ouro, da qual abolia todo tipo de escravatura das terras brasileiras, quatro dias após ter assinado a Lei Áurea, no dia 17 de maio de 1888, havia sido celebrada uma missa em ação de graças pela abolição da escravatura em São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Por este ato de amor, o Papa Leão XIII concedeu a Rosa de Ouro, no dia 28 de setembro de 1888 a princesa Isabel, a qual foi a única brasileira a receber tal presente, outros dois exemplares foram dedicados ao Santuário Nacional de Aparecida pelos Papas Paulo VI em 1965 e Bento XVI em 2007.
Dom Joaquim Arcoverde, Arcebispo do Rio de Janeiro e primeiro Cardeal brasileiro, fez surgir a proposta para coroação de Nossa Senhora Aparecida, no ano de 1901. O tema foi sugerido na primeira Conferência dos Bispos da Província Meridional do Brasil, com vistas ao cinquentenário da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, a transcorrer no ano seguinte, rogaram ao Santo Padre Pio XI que mandasse coroar em seu nome a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Pedido esse que foi atendido.
Pela primeira vez, o Santuário reuniu 08 Bispos e 02 Abades, tendo à frente o Núncio Apostólico, D. Júlio Tonti, numerosos Sacerdotes e Freiras, autoridades civis e militares, além de uma grande multidão de fiéis, estimando-se cerca de 15 mil pessoas, procedentes dos mais recônditos rincões do território nacional; A missa aconteceu na praça do Santuário, presidida pelo Núncio Apostólico, Dom Júlio Tonti. O bispo de São Paulo, Dom José de Camargo Barros, foi quem coroou a Santíssima.
Embora as primeiras pesquisas Datafolha de 2022 apresentem uma queda no número de católicos 49% da população brasileira e um aumento no número dos evangélicos 26%. É inegável o carinho que o povo brasileiro, católico ou não, tem pela Senhora Aparecida. São milhares de testemunhos noticiando as graças alcançadas por intermédio da Virgem Maria. E isso, nos parece, que se dá devido a identificação que a santa tem com os povos. Prova disso é o modo como ela assume as dores da cultura onde aparece. É assim na cidade de Guadalupe, México, Lourdes, França, Fátima, Portugal e tantas outras aparições. No Brasil não é diferente. Neste sentido, pode-se dizer que “cada época tende a moldá-la de acordo com suas necessidades”, evidenciando assim que, “Maria é o modelo da Igreja para reencarnar, em determinados tempos, lugares e culturas, o amor e a justiça de Deus” (COYLE, 1999, p. 88).
Até o século XIX a vida cultural, em terras brasileiras, de certa maneira tinha a Igreja Católica como grande referência. O grande desafio da época era a questão social, pois a escravização se mantinha praticamente somente em nosso território. Neste contexto surge a santinha negra, aparecendo de forma milagrosa em um rio no período onde os negros covardemente eram sujeitados a servidão.
Fonte: O Mílite
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