Professora Dita explica detalhes da cerimônia com o Papa

Por Professora Dita, teóloga, escritora e biblista

Foi emocionante, simbólico, triste e lindo observar a figura do Papa Francisco “sozinho” (todos estávamos com ele) em plena Praça São Pedro vazia, olhando Jesus crucificado e, ao mesmo tempo, o corpo de Cristo no Ostensório, como nos dizendo: “EU ESTOU AQUI VIVO COM VOCÊS”

A sexta-feira da Quarta Semana da Quaresma de 2020 foi um dia especial de reflexão e oração para todos os cristãos, principalmente os católicos, quando, milhares de luto e outros cheios de esperança, rezamos juntos com o nosso pastor. Este dia marca o momento de isolamento que a humanidade vive, mas também de fé e esperança.

O nosso pastor Papa Francisco nos passou a imagem de um homem de Deus abatido, sofrendo com os que sofrem e tendo que assistir uma Itália devastada pelo coronavírus.

Sua homilia foi profunda, mas triste, nos tocando profundamente quando disse ao mundo: “Ninguém se salva sozinho”. Alguém disse: “Não é preciso ser católico para se emocionar com as imagens vistas hoje, basta ser humano”!

Foi emocionante, simbólico, triste e lindo observar a figura do Papa Francisco “sozinho” (todos estávamos com ele) em plena Praça São Pedro vazia, olhando Jesus crucificado e, ao mesmo tempo, o corpo de Cristo no Ostensório, como nos dizendo: “EU ESTOU AQUI VIVO COM VOCÊS”.

Nesta comovente cerimônia em que as lágrimas teimavam em molhar o nosso rosto, acompanhamos o Sumo Pontífice conceder uma bênção especial (Urbi et Orbi), de Roma para o mundo inteiro, diante de uma praça vazia, mas cheia, pois, pela internet, milhões de cristãos se juntavam a ele na mesma prece, com a certeza e expectativa de que novos e bons tempos virão.

Às 14h em ponto (horário de Brasília), nos unimos numa só oração em favor de toda a humanidade que sofre. Foi o dia de cada um de nós fazer a nossa parte, pedindo aos céus pelo fim do sofrimento e mortes no mundo e principalmente em nosso país, o Brasil.

Recebemos do Papa Francisco uma bênção especial ao som de cânticos, ladainhas e nuvens de incenso que subiam aos céus, levando as orações de cada um(a), nos unindo com o mundo inteiro num só clamor ao Pai por Sua misericórdia.

O ponto alto, além da linda figura de Nossa Senhora sobre o altar, transmitindo a segurança de uma mãe acolhedora, intercessora e preocupada com a paz no mundo, foi um crucifixo, o qual, segundo o Papa Francisco, “é um sinal da força de Deus” no mundo que sofre.

Homilia de Francisco

Foi só emoção pela forma como Jesus nos falava (Mc 4,35-40) – A tempestade acalmada. "Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados 'vamos perecer' (cf. 4,38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar nessa estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos".

"Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?". "Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos; experimentemos a oração sacerdotal de Jesus: 'Que todos sejam um só' (Jo 17,21)". “Continua a repetir-nos: 'Não tenhais medo!' (Mt 14,27). E nós, juntamente com Pedro, 'confiamos-te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós" (cf. 1Pd 5,7). 

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O Crucifixo

Uma obra em madeira do século XIV que possui uma história. A devoção a ele é muito antiga. Em 1519, houve um incêndio de grandes proporções na igreja em que ele se encontrava; tudo foi destruído, exceto o Crucifixo de madeira que permaneceu intacto, chamando imediatamente o povo à veneração.

Desde então, são 501 anos de proteção de Jesus Cristo aos Seus filhos. Em 1522, novamente foi levado em procissão pelos bairros da cidade de Roma, para acabar com a grande Peste Negra que dizimava milhares de pessoas. Do mesmo modo, "como um sinal da proteção de Cristo entre nós" esse Crucifixo foi levado com fé pelas ruas de Roma por 16 dias (de 4 a 20 de agosto de 1522), todos que o carregavam imploravam a proteção de Jesus Cristo pela libertação da peste. Após os 16 dias, o milagre aconteceu, a epidemia cessou.

Segundo o pároco atual, Padre Enrico, o que se torna mais forte na devoção nos dias atuais é a forma como o Sumo Pontífice confia na proteção daquela imagem que nos mostra um Cristo sofrido, mas que parece nos dizer: “Confiem em mim! EU estou aqui...”.

Uma curiosidade: Na parte de trás da imagem está escrito o nome de cada Papa que presenciou as procissões. O último nome gravado é o do Papa São João Paulo II, que abraçou o crucifixo durante o Dia do Perdão, durante o Jubileu de 2000. Agora por certo será gravado o nome do nosso Papa Francisco.

Como disse, isto já aconteceu em outros séculos, mas também em nosso tempo. Certa vez, São João Paulo II pediu que ele fosse levado à Basílica de São Pedro por ocasião da Quaresma.

Hoje essa imagem está na Igreja San Marcello al Corso, em Roma, e confiada a comunidade dos Servos de Maria desde 1369.

Que as nossas orações se voltem também pela saúde do nosso Papa que nos passou um pastor por demais preocupado com suas ovelhas...

Permaneçamos em oração...

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