Por Núria Coelho Em Brasil

Vacina contra Covid-19 testada no Brasil é a mais avançada em pesquisas

Sob testes no Brasil, a vacina pesquisada pela Oxford e pela empresa AstraZeneca é a mais avançada no que se refere ao seu desenvolvimento

Divulgação
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Anúncio foi feito depois de dois dias de reuniões da agência com 1,3 mil cientistas de 93 países


Sob testes no Brasil, a vacina contra a Covid-19 pesquisada pela Universidade de Oxford e pela empresa AstraZeneca é hoje a que mais está avançada no que se refere ao seu desenvolvimento.

Soumya Swaminathan, cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou nesta quinta-feira (2) que 17 vacinas estão hoje em fase de testes clínicos e acompanhadas pela agência de saúde.

O anúncio foi feito depois de dois dias de reuniões da agência com 1,3 mil cientistas de 93 países. Uma das participantes foi a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

O produto de Oxford entrou em sua terceira fase de testes clínicos, enquanto outras cinco vacinas estão na segunda etapa. Mas um resultado final ainda pode levar meses e a própria OMS evita dar um prazo. Algumas das pesquisas, por exemplo, deverão levar de doze a 18 meses apenas para examinar os resultados da terceira fase.

No Brasil, o acordo com os britânicos prevê a compra de lotes da vacina e da transferência de tecnologia. 100 milhões de doses seriam adquiridas, caso ela se mostre eficaz.

A fase 3 de desenvolvimento é última fase antes de o produto entrar no mercado. No Brasil, é a Unifesp quem lidera o processo.

Ana Maria Restrepo, da equipe da OMS, afirmou que a agência está "encorajada" pelos avanços. Mas evita antecipar qualquer data de conclusão ou resultado. Segundo ela, existem ainda outras 150 candidatas à vacina sendo pesquisadas, mas ainda não entraram na fase de testes clínicos.

Para Soumya, o centro do debate hoje ocorre no processo para acelerar o desenvolvimento dessas vacinas, sem perder o rigor científico. Segundo ela, desde o começo do ano, o mundo viu uma "explosão de conhecimento e pesquisa", com uma média de 500 a mil publicações por dia sendo submetidas para exame.

Número de casos pode ser dez vezes maior

Um dos elementos desconhecidos se refere à real taxa de mortalidade e de casos. Para Soumya, não se pode comparar os atuais números de mortes e de casos. Segundo ela, alguns estudos apontam que a comparação precisaria ocorrer com as taxas de casos de duas semanas antes.

Mas ela também revela que, entre os cientistas, pesquisas indicariam o número real de pessoas contaminadas pelo vírus poderia ser dez vezes maior que a taxa registrada. Isso, segundo ela, se da por conta do fato de que apenas aqueles com sintomas mais severos acabam sendo testados e, em alguns locais, muitos sequer têm acesso aos exames.

Ela, porém, não deu detalhes de onde essas pesquisas foram realizadas e nem quando. Mas explicou que tais conclusões apareceram quando exames foram feitos em populações para descobrir se tinham anti-corpos.

"O que sabemos é aqueles que são testados, ou aqueles que ficam muito doentes, ou que têm acesso", disse. "Em pesquisas realizadas sobre anti-corpos, é claro que o número de pessoas infectadas é dez vezes maior ao número de pessoas diagnosticadas como sendo "casos", que é o que é contada", disse.

Maria van Kerkhove, chefe técnica da OMS, também apontou que outro foco de pesquisa é a transmissão. Segundo ela, as mutações ocorridas até agora no vírus não mudaram sua severidade ou transmissão. Mas a agência acompanha o assunto de perto.

A especialista voltou a confirmar que pessoas sem sintomas - e infectadas - podem transmitir. Isso faz com que os controles sejam mais difíceis. Mas a entidade quer saber quando exatamente essa transmissão ocorre e com qual frequência os assintomáticos de fato transmitem a doença.

Carnes

Apesar dos avanços, a reunião entre os cientistas serviu ainda para mapear o que ainda não se sabe sobre o vírus. De acordo com a OMS, pesquisadores têm demonstrado preocupação com eventos com a capacidade de ser um "super disseminador" do vírus. Isso inclui eventos religiosos, asilos, reuniões ou locais de produção de carne. No Brasil, em maio, a JBS e BRF se transformaram em polos de contaminação. Em outras partes do mundo, isso também ocorreu em mercados de alimentos.

Uma das pesquisas neste momento é para saber se existe a possibilidade de que o vírus seja transmitido entre um humano e um animal, principalmente em fazendas que servem de base para indústria de carne. Isso, na avaliação da entidade, é importante para estabelecer quais medidas de higiene terão de ser tomadas.


Fonte: UOL

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