No final da Santa Missa, celebrada neste domingo (07), no Estádio Franso Hariri em, no norte do Iraque, o Papa Francisco saudou com afeto o Catholicos-Patriarca da Igreja Assíria do Leste, Mar Gewargis III, que reside nesta cidade.
“Obrigado, querido irmão!” Começou o Santo Padre, que quis abraçar nele os cristãos das várias confissões: “Muitos dos seus membros derramaram o sangue aqui sobre a mesma terra! Mas os nossos mártires resplandecem juntos, estrelas no mesmo céu! Lá de cima pedem-nos para caminharmos juntos, decididamente, rumo à plenitude da unidade.”
A Igreja Assíria do Oriente é uma antiga Igreja presente nesta terra desde os primórdios do cristianismo. Os Atos dos Apóstolos relatam que "partos, medos, elamitas e habitantes da Mesopotâmia" estavam presentes no Cenáculo no dia de Pentecostes. Foram os primeiros cristãos da Pérsia, onde depois pregaram, segundo a tradição, o apóstolo Santo Tomás e seus discípulos Addai e Mari.
Em sua história secular, a Igreja Assíria do Oriente amadureceu, em um contexto cultural predominantemente semítico e siríaco muito próximo às primeiras comunidades apostólicas, uma tradição teológica e espiritual.
No início da Idade Média, a Igreja Assíria do Oriente desenvolveu um extraordinário dinamismo missionário ao seguir as várias rotas da seda pela Ásia Central, Índia e até mesmo China. Tem o mesmo patrimônio teológico e litúrgico da Igreja Caldeia e da Siro-malabar na Índia, que entraram em comunhão com a Igreja de Roma no século XVI.
Desde as suas origens, a história da Igreja Assíria do Oriente foi tragicamente marcada pela perseguição. Páginas dramáticas que se entrelaçam com os períodos do Império Persa, depois do Império Mongol e, finalmente, do Império Otomano. Em particular, após o massacre ocorrido entre os anos 1914 e 1924 também conhecido com a expressão "Seyfo" (em siríaco significa literalmente "espada"), a maior parte de seus fiéis emigrou para o Ocidente, levando consigo uma tradição secular. Mesmo que permaneçam grandes comunidades no Oriente Médio, sobretudo no norte do Iraque, na Síria, no Irã e no Líbano, quase metade dos 450.000 fiéis desta antiga Igreja estão localizados nos Estados Unidos, com uma significativa diáspora significativa no Canadá, na Europa e na Austrália.
O diálogo entre as Igrejas Católica e Assíria do Oriente levou, em 1994, à assinatura de uma Declaração Cristológica comum. Neste documento, o Papa João Paulo II e o Catholicos-Patriarca da Igreja Assíria do Oriente, Mar Dinkha IV, reconhecem compartilhar a mesma fé em Jesus Cristo. “Como herdeiros e guardiães da fé recebida dos Apóstolos - lemos no texto - confessamos um só Senhor Jesus Cristo, o filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os tempos, o qual, tendo alcançado a plenitude dos tempos, desceu do céu e se fez homem para a nossa salvação”.
“Prescindindo das diferenças cristológicas que existiram - sublinha-se - hoje confessamos unidos a mesma fé no Filho de Deus que se fez homem para que nós, pela sua graça, nos tornássemos filhos de Deus”. “O mistério da Encarnação que professamos juntos não é uma verdade abstrata e isolada. Trata-se do Filho de Deus enviado para nos salvar”.
Em 2014, recebendo Mar Dinkha IV no Vaticano, o Papa Francisco definiu a Declaração Cristológica Comum assinada em 1994 "um marco" no caminho "para a plena comunhão". “Com ela - disse Francisco - reconhecemos que confessamos a única fé dos apóstolos, a fé na divindade e na humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, unidos numa só pessoa, sem confusão nem mudança, sem divisão nem separação”.
Em 2015, Mar Gewargis III foi eleito Catholicos-Patriarca da Igreja Assíria do Oriente. Na mensagem logo após a eleição, o Papa Francisco recordou os cristãos e outras minorias religiosas no Iraque e na Síria. “Junto a você - diz aquele documento - peço ao Senhor que lhes dê forças para que perseverem no testemunho cristão”.
Em novembro de 2018, o Papa Francisco e Mar Gewargis III assinaram uma Declaração Conjunta sobre a situação dos cristãos no Oriente Médio. No texto, escrito em 8 pontos, é sublinhada a gratidão ao Senhor "pela crescente proximidade na fé e no amor entre a Igreja Assíria do Oriente e a Igreja Católica". E é recordado que "nas últimas décadas, as nossas Igrejas têm se aproximado mais do que jamais estiveram ao longo dos séculos."
À espera do dia em que seja possível celebrar juntos no mesmo altar, é reiterada a intenção de "avançar no reconhecimento recíproco e no testemunho compartilhado do Evangelho". Nesta caminhada, continua a Declaração, “experimentamos um sofrimento comum, derivado da dramática situação de nossos irmãos e irmãs cristãos no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria”.
“Centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes sofrem imensamente com os conflitos violentos que nada pode justificar”. Conflitos que “tem aumentado o êxodo dos cristãos das terras onde viveram lado a lado com outras comunidades religiosas desde o tempo dos Apóstolos”.
O texto conclui com um forte convite ao diálogo: “Quanto mais difícil a situação, mais é necessário o diálogo inter-religioso baseado em uma atitude de abertura, verdade e amor. Esse diálogo também é o melhor antídoto para o extremismo, que é uma ameaça para os seguidores de todas as religiões."
Fonte: Vatican News
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