Formação

O que está por trás da oração que Jesus ensinou?

A pedido de Seus discípulos, Jesus ensina a oração do Pai-Nosso. Mas, o que se pode aprender com ela para além das palavras ditas?

Paulo Teixeira

Escrito por Paulo Teixeira

27 MAI 2020 - 12H48 (Atualizada em 17 AGO 2021 - 09H10)

Apresentada no capítulo 11 de Lucas e no sexto capítulo de Mateus, o Pai-Nosso é a oração que Jesus ensina aos discípulos como modelo para que rezem. No Evangelho de Lucas, Jesus reza com frequência nos capítulos 3,21; 5,16; 9,18; 10,21; 22,41; 23,36. Jesus era uma pessoa de oração. No Evangelho de Mateus, o Pai-Nosso se insere no grande Sermão da Montanha que revela o projeto do Reino de Deus.

Para aprender a rezar, tem que rezar! A oração não é um discurso dirigido a Deus, mas uma experiência pessoal.

Percebemos que Jesus rezava nos momentos que precediam decisões importantes, de forma espontânea e também em comunidade. Vendo a vida de oração dele, os discípulos pedem que os ensine Seu método. Primeiramente, queriam rezar porque perceberam que era uma dimensão essencial da vida de Jesus; mas eles queriam que Jesus ensinasse porque João também ensinava aos seus, como afirma Lucas.

Aqui vemos que a oração se insere na dinâmica do seguimento. Os discípulos de João aprenderam a rezar; João que tinha a missão de preparar os caminhos para Jesus, também rezava; os discípulos de Jesus percebiam que havia mais alguém na “ponta da linha”, que eles seguiam Jesus e Ele, por sua vez, estava em sintonia com o Pai. A vida dos discípulos estava aberta a ir além daquilo que viam e sentiam, percebiam que aquele caminho que faziam era como tocar o céu.

Jesus atende o pedido deles, satisfaz o desejo, ou talvez a curiosidade, responde ao quer perguntam, em Lucas. Em Mateus, Jesus apresenta uma pequena introdução que serve como moldura para a oração dentro do contexto do Sermão da Montanha. Em ambos, Jesus não contou parábolas, não fez comparações e nem iniciou um discurso. Foi logo ensinando a rezar. Esta é uma característica da oração cristã. Não é questão de técnica ou método, embora sejam importantes. Para aprender a rezar, tem que rezar! A oração não é um discurso dirigido a Deus, mas uma experiência pessoal. Certamente os discípulos conheciam os salmos e orações tradicionais dos judeus, mas estavam atrás daquela experiência que Jesus fazia e queriam torná-la deles também.

“ O Pai-nosso não é uma oração a ser recitada, mas é a chave da oração em nossa vida.”

Em nossos dias, recordar a oração do Pai-Nosso é se abrir à realidade de Deus. Cada palavra tem um profundo significado: Pai, pão, reino, perdão, vontade, tentação. O Pai-Nosso é uma proposta de sair da lógica humana de direcionar pedidos a Deus Todo-poderoso e se abrir à Sua graça.

Em geral, se reza o Pai-Nosso em menos de um minuto. Na Missa, ele tem lugar de destaque, mas pode passar facilmente por um momento de distração. O Pai-Nosso não é uma oração a ser recitada, mas é a chave da oração em nossa vida. Quanto tempo a gente leva para rezar um Pai-Nosso? Dias ou anos reconhecendo a realidade amorosa de Deus que é Pai, suplicando o pão e se abrindo à graça do perdão dado e recebido. Quantas vezes por dia a gente reza o Pai-Nosso? Talvez o dia todo a gente fique em uma só palavra, com receio da tentação, buscando descobrir a Vontade de Deus, em busca do pão.

Referência: MOSETTO, Francesco. Pai-nosso. Breve Comentário bíblico-patrístico. Editora Ave-Maria, 2008

Escrito por:
Paulo Teixeira
Paulo Teixeira

Jornalista formado na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), atua como editor responsável das revistas O Mílite e Jovem Mílite há mais de quatro anos. É autor do livro "A comunicação na América Latina".

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