Igreja em Pauta

Entrevista: Dom Eduardo Zielski fala sobre a Divina Misericórdia

O Bispo de São Raimundo Nonato, no Piauí, Dom Eduardo Zielski fala sobre Santa Faustina e a devoção à Divina Misericórdia

Escrito por Angelica Lima

24 ABR 2022 - 00H00

Angélica Lima: A devoção à Divina Misericórdia, uma inspiração de Jesus a Santa Faustina, foi propagada por vários Papas, especialmente São João Paulo II. Qual o significado da imagem de Jesus Misericordioso difundida nesta devoção?

Dom Eduardo: Num certo momento, quando Jesus se dignou fazer esse contato místico com esta freira, Santa Faustina, Ele apareceu para ela numa forma visível, podemos dizer, e Ele pediu que ela pintasse um quadro da forma como ela estava vendo. Aí ela ficou muito perturbada porque não sabia pintar.



Quando ela foi para a cidade de Vilna, foi falar com o Padre Miguel Sopocko que a levou a um pintor, Eugênio Kazimirowski. Lá ela dava dicas para o pintor de como o quadro deveria ser pintado. Assim, apareceu esse primeiro quadro com o retrato de Jesus e que se asseme- lha, inclusive, à imagem do Santo Sudário. Uma coisa muito interessante desse quadro é que Jesus mandou escrever “Jezu, ufam tobie” embaixo do quadro, que traduzimos como: “Jesus, eu confio em vós”.

Leia MaisSanta Faustina, apóstola da Divina Misericórdia

Angelica Lima: Dom Eduardo, Jesus é a própria misericórdia do Pai encarnada. Se Jesus revelou tudo isso no Evangelho porque Ele se revelou de forma particular a Santa Faustina?

Dom Eduardo: Aqui precisaríamos refletir um pouquinho sobre chamadas visões particulares, ou aparições particulares, meios pelos quais, às vezes, Jesus e Maria se manifestam para a humanidade. Muitas vezes Deus escolhe pessoas muito simples; veja, por exemplo, aparições de Guadalupe, aqui na América Latina. E também a Santa Faustina, uma freira simples que trabalhava no jardim, na cozinha, na portaria. Deus escolhe as pessoas simples para, através delas, revelar para a humanidade algo que Ele quer que se destaque para o momento ou para a atualidade. A gente precisa ver a revelação da misericórdia sabendo que ela sempre existiu na Igreja, a partir dos Evangelhos. Contudo, Jesus quer que nesses últimos tempos se veja a misericórdia de maneira muito mais direta, atuante e concreta do que nos tempos passados.

Angelica Lima: Dom Eduardo, eu queria falar um pouquinho sobre São João Paulo II. Durante a cerimônia de canonização de Santa Faustina ele declarou que todos os anos, o segundo domingo da Páscoa seria o domingo da Divina Misericórdia. Ele publicou também, em 1980, uma Carta Encíclica, Dives in misericordia, na qual incentivou os fiéis a voltarem o olhar ao mistério do amor misericordioso de Deus. Em 2002, no Santuário da Divina Misericórdia, o Papa consagrou o mundo a Jesus. Um Papa santo com uma mensagem importante para o mundo.

Dom Eduardo: Interessante que os dois raios na pintura, de cor branca e vermelha, de certa maneira são as cores da bandeira polonesa, então, muitos acharam que isso foi uma coisa dada em especial para a Polônia, trazia um certo nacionalismo essa ideia da Divina Misericórdia. Podemos dizer que João Paulo II não concordou com isso e, através de especialistas, começou a lançar um olhar mais amplo para o Diário de Santa Faustina.

Quando era Arcebispo de Cracóvia, João Paulo II como que deu vida a esse diário. Antes do Concílio Vaticano II ele era considerado um livro proibido. João Paulo II fez uma espécie de “esclarecimento” do texto e, em maio de 1978, ele passou a ser considerado como um livro bom para o caminho de fé; e no mesmo ano, em outubro, João Paulo II foi eleito Papa.

A Misericórdia Divina marcou o caminho do Papa durante a Segunda Guerra Mundial. Ele rezava o Terço da Misericórdia na capela das Irmãs da Misericórdia em Cracóvia, que ficava no caminho para o trabalho dele. Ele fez todo o possível para que realmente este culto da misericórdia correspondesse ao que Jesus pediu através de Santa Faustina.

Quando eu fui escolhido para ser bispo, queria ter sido ordenado no dia 30 de junho de 2000, dia da canonização de Santa Faustina. Mas não foi possível devido a compromissos de outros bispos. Sou muito entusiasmado com esse assunto. Meu lema episcopal é: “Sou a misericórdia!”.

Angélica Lima: Muito obrigada, Dom Eduardo pela sua participação.

Dom Eduardo: Eu que agradeço. Fico feliz em participar. Deus abençoe a todos

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