Celebramos, hoje, a Solenidade de Pentecostes. O tema deste domingo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os cristãos, o Espírito é quem dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
Na primeira leitura, Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos cristãos. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças. O Espírito une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas. Percebe-se que o interesse fundamental de Lucas é apresentar a Igreja como uma comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai. Temos, neste texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor Ressuscitado e que testemunha na história o projeto libertador de Deus pai. Desse testemunho resulta a comunidade que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. Nunca será demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja. Antes de Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois de Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Para se tornar cristão, ninguém deve abdicar da própria cultura: nem os africanos, nem os asiáticos, ou europeus, nem os sul ou norte-americanos, nem os negros, nem os brancos, mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse projeto libertador de Deus, que faz os homens e mulheres viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte deve ser esse espaço de liberdade e de fraternidade. Nela todos devem encontrar lugar e serem acolhidos com respeito e com amor.
Envia Teu Espírito Senhor, e renova a face da terra! Este é o refrão do salmo 103 que hoje focalizamos. Trata-se de um hino de louvor, cantando a grandeza de Deus, testemunhada no ciclo da natureza. Este salmo é uma cópia adaptada do hino egípcio ao deus Sol. Celebra a grandeza de Deus envolvido pela imensidão do universo. Descreve alguns traços da criação. Trata-se de uma observação simples dos principais fenômenos da natureza. Celebra o ritmo harmônico da natureza, em que coexistem pacificamente plantas, animais e seres humanos. Enquanto os animais se alimentam diretamente da natureza, o homem precisa transformá-la através do trabalho. A harmonia da natureza deixa aberta uma questão: por que existem os injustos que produzem desigualdade entre os homens?
Na segunda leitura, em sua primeira carta aos Coríntios, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele quem concede os dons que enriquecem a comunidade e que constrói a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos. Convém lembrar que a comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade. Os partidos políticos, as divisões, as disputas e rivalidades, perturbavam a comunhão e constituíam um contra testemunho. As questões em torno dos carismas, que são os dons especiais concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos, estavam sendo manipulados. Aqueles que possuíam esses dons carismáticos consideravam-se os escolhidos de Deus, apresentavam-se como iluminados e assumiam com frequência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade. Por outro lado, os que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados, desclassificados e considerados cristãos de segunda categoria, sem vez nem voz na comunidade. Paulo não pode ignorar esta situação. Nesta sua Carta aos Coríntios, Paulo corrige, dá conselhos, mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis com o Evangelho. Paulo chama à atenção todos os membros e ressalta que não há cristãos de primeira e cristãos de segunda categoria. O que é importante é que os dons do Espírito em benefício dos irmãos resultem no bem de toda comunidade.
O Evangelho de João, capítulo 20, versículos de 19 ao 23, nos apresenta a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos cristãos superar o medo, suas limitações e dar testemunho no mundo desse imenso amor que Jesus viveu até às últimas consequências. João começa sua narração ressaltando a situação da comunidade. Os discípulos trancados, as portas fechadas, o medo. Esse é o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu a sua referência e a sua identidade. Entretanto, Jesus aparece no meio deles. João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu ponto de referência. Em Jesus a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado. Jesus entra e saúda a todos desejando-lhes a paz. A paz que Jesus oferece é a transmissão da serenidade, da tranquilidade, da confiança, que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança. A partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está no meio deles. Em seguida, Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado. São esses os sinais que lembram a entrega de Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses sinais, na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue que os discípulos reconhecem Jesus. Vem depois a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila. Com o sopro de Deus o homem tornou-se um ser vivente, agora com este sopro, Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados, como Jesus, para fazerem da sua vida um dom de amor e entrega. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar, com gestos e com palavras, o amor de Jesus.
Leia MaisA meditação do Evangelho com Frei Luís FavaronJesus e Seus discípulosSó quem ama tem autoridadeO Amor de Jesus CristoPerseverantes na oraçãoAcompanhe, ao vivo, Palavras de Vida, pelas ondas da Rádio Imaculada (1490 AM, na Grande São Paulo; 107,1 FM, em Atibaia - SP, 97,3 FM, em Maceió - AL e 580 AM, em Campo Grande - MS), ou pelo aplicativo Milícia da Imaculada. O quadro é apresentado por Jorge Lorente, às 9h (horário de Brasília; 8h em Campo Grande - MS), aos domingos.
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