Celebramos hoje o Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum e a Palavra que vamos refletir ressalta a dificuldade em viver como discípulo, dando testemunho do projeto de Deus no mundo. As leituras sugerem que a perseguição faz parte do dia a dia do discípulo, mas garantem também que a solicitude e o amor de Deus não abandonam aquele discípulo que dá testemunho da salvação.
A primeira leitura nos apresenta o exemplo de um profeta do Antigo Testamento, Jeremias. É o modelo, o exemplo, do profeta sofredor, que experimenta a perseguição, a solidão, o abandono por causa da Palavra, no entanto, não deixa de confiar em Deus e de anunciar, com coerência e fidelidade, as propostas de Deus para os homens. Jeremias começa descrevendo o quadro que o rodeia. A multidão, já farta de escutar anúncios de castigos e de terrores, resolve pôr um ponto final no derrotismo de Jeremias e prepara-se para fazê-lo calar-se. Jeremias é o próprio terror espalhado por toda a parte! É dessa forma irônica que a multidão se refere a ele, pois se dizia que Jeremias só anunciava as desgraças que estavam para acontecer. O profeta é então preso, julgado e silenciado. Tudo leva a crer que Jeremias será submetido a um julgamento popular, finalizando em linchamento. O profeta corre, portanto, sérios riscos de vida. No entanto, aquilo que mais dói a Jeremias é que até os seus amigos mais íntimos o abandonam e se juntaram aos que preparavam seu fim. Jeremias, que nunca pretendeu magoar ninguém, mas somente anunciar com fidelidade a Palavra de Deus, sente-se só, abandonado, marginalizado, perdido na mais negra solidão. No entanto, o lamento de Jeremias transforma-se em um hino de louvor a Deus, numa expressão extraordinária da confiança no Deus que não falha. Seu hino reproduz a certeza de que, apesar do sofrimento e da incompreensão que tem de enfrentar, o profeta não está só; ele confia em Deus, no seu poder, na sua justiça, no seu amor, e sabe que Deus nunca abandona quem nele confia. Eu, você, os profetas da atualidade, devemos estar conscientes de que o caminho do profeta é um caminho difícil, onde se lida, permanentemente, com a incompreensão, com a solidão, com o risco de sermos martirizados, no entanto, esse é o caminho que Deus quer ver-nos percorrendo, na fidelidade à sua Palavra.
O salmo 68 é a Súplica de um inocente injustamente acusado. O salmista provavelmente foi acusado de roubo. Não tendo mais a quem recorrer, a pessoa suplica a Deus, que é o refúgio dos necessitados. O acusado resiste até o fim, esperando que Deus o declare inocente, talvez no tribunal do Templo. Se Deus não fizer justiça, outros poderão desanimar e perder a confiança em Deus. É por causa de sua fidelidade a Deus e ao projeto dele que a pessoa acaba se tornando alvo de ataques e intrigas. Nada podendo fazer, e não tendo ninguém que o defenda, o salmista recorre a Deus numa espécie de desafio ao dizer: “que Deus dê provas de seu amor e fidelidade”. Este pedido de justiça implica em condenar os verdadeiros culpados, que muitas vezes se disfarçam atrás de acusações e condenações contra os justos. O salmista finaliza afirmando que quando o pobre e o fraco são libertados, também os outros se alegram e se encorajam, descobrindo que Deus está aliado com eles. Essa é a maior glória para Deus.
A segunda leitura nos propõe dois exemplos: Adão e Jesus. Adão representa o homem que escolhe ignorar as propostas de Deus e decidir, por si só, os caminhos da salvação e da vida plena; Jesus é o homem que escolhe viver na obediência às propostas de Deus e que vive obedientemente os projetos do Pai. O esquema de Adão gera egoísmo, sofrimento e morte; o esquema de Jesus gera vida plena e definitiva. Paulo escreveu esta carta aos Romanos numa época de muitas crises entre os cristãos de origem judaica e os cristãos de origem pagã. Ambos tinham perspectivas diferentes da salvação e da forma de viver o compromisso com Jesus Cristo e com o seu Evangelho. Os cristãos de origem judaica consideravam que, além da fé em Jesus Cristo, era necessário cumprir as obras da Lei, inclusive a prática da circuncisão, para ter acesso à salvação; mas os cristãos de origem pagã se recusavam a aceitar a obrigatoriedade das práticas judaicas. Era uma questão difícil que ameaçava a unidade da Igreja. Este problema também era sentido pela comunidade cristã de Roma. Paulo então, tenta mostrar a todos os cristãos a unidade da revelação e da história da salvação: judeus e não judeus são, da mesma forma, chamados por Deus à salvação; o essencial não é cumprir a Lei de Moisés, que nunca assegurou a ninguém a salvação, o essencial é acolher a oferta de salvação que Deus faz a todos, através de Jesus Cristo. Quando o homem deixa de dar ouvido a Deus, ele valoriza o lucro fácil, destrói a natureza, explora o próximo, torna-se injusto e prepotente e, como resultado, constrói sua própria história, uma história distante de Deus, uma história de sofrimento e de morte.
No Evangelho, é o próprio Jesus que, ao enviar os discípulos, previne a todos que serão perseguidos e incompreendidos, mas acrescenta com muita firmeza: “não tenhais medo!” Por três vezes, com muita convicção, Jesus repete estas palavras: “não tenhais medo!” Jesus garante para cada um de seus seguidores, a presença contínua, a solicitude e o amor de Deus, ao longo de toda a sua caminhada pelo mundo. É neste contexto que o Evangelho deste domingo nos situa. Ao enviar os discípulos que elegeu, Jesus assegura-lhes a sua presença, a sua ajuda, a sua proteção, a fim de que eles superem o medo e a angústia que resultam da perseguição. As palavras de Jesus correspondem à última bem-aventurança: “bem-aventurados sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós”. Para ilustrar o amor de Deus, Mateus recorre a duas imagens: a dos pássaros de que Deus cuida que revela a ternura e a preocupação de Deus por todas as criaturas, mesmo as mais insignificantes e indefesas, e a dos nossos cabelos que Deus sabe até quantos são, o que revela a forma particular, única, profunda, como Deus conhece a cada um de nós, nossas particularidades, nossos problemas e dificuldades. Mateus nos apresenta Deus como um Pai, cheio de amor e de ternura, sempre preocupado em cuidar dos seus filhos, em entendê-los e em protegê-los. Ora, depois de terem descoberto este rosto de Deus, os discípulos têm alguma razão para ter medo? A certeza de ser filho de Deus é, sem dúvida, algo que alimenta a capacidade do discípulo em empenhar-se, sem medo e, até mesmo, sem condições na sua missão. Nada, nem as dificuldades, nem as perseguições, conseguem calar o discípulo que confia na solicitude, no cuidado e no amor de Deus Pai.
Acompanhe, ao vivo, Palavras de Vida, pelas ondas da Rádio Imaculada (1490 AM, na Grande São Paulo; 107,1 FM, em Atibaia - SP, 97,3 FM, em Maceió - AL e 580 AM, em Campo Grande - MS), ou pelo aplicativo Milícia da Imaculada. O quadro é apresentado por Jorge Lorente, às 9h (horário de Brasília; 8h em Campo Grande - MS), aos domingos.
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